Roger Moore (1927-2017), que faleceu no último dia 23 de maio
aos 89 anos, além de outros trabalhos no cinema e na televisão ao longo de
cinco décadas, ficou imortalizado na pele do mais famoso agente secreto do
cinema (sempre a serviço de Sua Majestade), o agente britânico 007 –
James Bond, ícone da espionagem de ação extraído dos romances de seu
criador, o escritor inglês Ian Fleming (1908-1964), outrora ele mesmo um espião da Inteligência Britânica.
 |
Sean Connery: Primus Inter Pares entre todos os intérpretes. |
 |
Ian Fleming, o criador de James Bond. |
É verdade que Sean Connery é considerado o primus inter pares entre todos os
intérpretes, contudo, Connery dava ao seu James
Bond um ar de implacabilidade e virilidade para o papel. Não que Moore não
fosse implacável como 007, e muito menos não fosse viril. Mas Moore dava mais
sofisticação ao papel, e, além disso, o charme que encantou todas as mulheres
se tornou uma marca imprescindível na atuação do ator para com o personagem. Se
por sua vez Connery era irônico em certas situações, Roger assumia uma postura
debochada, se tornando muitas vezes, um simpático fanfarrão.
 |
Roger Moore como IVANHOÉ (1958-1959), série de TV |
 |
Roger Moore e Carroll Baker: O MILAGRE (1959) |
 |
Roger Moore e Lana Turner: DIANA DE FRANÇA (1956) |
Mas
há quem não se lembre de como entrou James Bond na vida de Roger Moore. O que
poucos sabem é que mesmo antes da convocação de Sean Connery, Moore já estava
numa lista de indicados para interpretar o espião por volta de 1961. Depois de
vários testes com atores britânicos e irlandeses (entre os quais Stephen Boyd,
que foi quase escolhido, mas teve que recuar por conta de um compromisso para um
novo filme) – os produtores pensaram logo num jovem ator inglês, de boa
estampa, que já havia feito alguns trabalhos na televisão, entre os quais como
protagonista da série Ivanhoé
(1958-1959), e em Maverick
(1959-1961), ao lado de James Garner. Este inglês era Roger Moore, que no
cinema já havia feito A Última Vez que Vi
Paris (The Last Time I Saw Paris, 1954),
de Richard Brooks, com Elizabeth Taylor e Van Johnson, e Melodia Interrompida (Interrupted
Melody, 1955), de Curtis Bernhardt, com Eleanor Parker e Glenn Ford. Ainda foi galã de Lana Turner (1921-1995) em Diana de França (Diane, 1956), de David
Miller, e de Carroll Baker no fascinante O Milagre (The Miracle, 1959), de Irving
Rapper.
 |
Roger Moore como Simon Templar, em O SANTO (1962-1969), série de TV |
Feita
a escolha dos produtores, estes trataram de localizar Moore, entretanto, o ator
não pôde pegar de imediato o papel de James Bond, pois na época estava preso
também a um contrato na TV, personificando Simon Templar na série O Santo (The Saint), personagem que também lidava com espionagem. Nos
próximos sete anos, entre 1962 a 1969, Moore se encarregou de viver O Santo, enquanto que Sean Connery
entrou para a história como o primeiro intérprete de James Bond no cinema,
atuando nos primeiros cinco filmes da franquia entre 1962 a 1967: O Satânico Dr. No (Dr. No, 1962), Moscou Contra
007 (From Russia with Love, 1963)
– Os dois primeiros dirigidos por Terence Young (1915-1994) – 007 Contra Goldfinger (Goldfinger,
1964), de Guy Hamilton (1922-2016); 007
Contra a Chantagem Atômica (Thunderball,
1966), de Terence Young; e Com 007 Só se
Vive Duas Vezes (You Only Live Twice, 1967), de Lewis Gilbert.
 |
George Lazenby, mal sucedido como 007 |
Com
o insucesso de George Lazenby para viver James Bond em 007 a Serviço Secreto de Sua Majestade (On Her Majesty's Secret Service, 1969), de Peter Hunt - por sinal
considerado o melhor filme de toda a série apesar da falta de carisma do atleta
e ex-modelo australiano Lazenby – e da saída de Sean Connery do papel, depois
de reviver o personagem em 007, Os Diamantes São Eternos (Diamonds Are Forever, 1971), de Guy
Hamilton – os produtores novamente voltaram suas atenções para Roger Moore.
 |
Roger Moore assumindo o papel de James Bond |
Em
1973, quando Moore assumiu o papel, a Guerra Fria, pano de fundo por excelência
das histórias originais de 007, já estava degelando, e a União Soviética já não
provocava tanto medo. Logo, os produtores precisaram reinventar James Bond e o
foco de suas ações. Moore havia saído de
uma série televisiva de apenas uma temporada, The Persuaders, ao lado de Tony Curtis (1925-2010), um seriado
criminal que tinha muito de teor humorístico e sofisticado (com Moore no papel
de Lord Sinclair), ponto que seria marcante para Roger viver seu James Bond,
que ao contrário de seu antecessor, ofereceu ao personagem um estilo
inconfundivelmente debochado.
Curiosamente,
Roger Moore foi o ator mais velho a personificar 007 (era dois anos mais velho
que Sean Connery), e o que mais perdurou no papel do agente secreto britânico,
ao longo de doze anos e sete filmes, entre 1973 a 1985. Vamos relembrar alguns
trabalhos onde Roger Moore foi o astro desses sete filmes, com breves sinopses
e ficha técnica.
007
FILMES COM ROGER MOORE
007 – VIVA E DEIXE MORRER
(Live and Let Die)
Inglaterra. Ano: 1973. Direção: Guy Hamilton. Elenco: Roger Moore,
Yaphet Kotto, Jane Seymour, Clifton James, Bernard Lee, Lois Maxwell, Geoffrey
Horder, David Hedison, Brad Dexter. 121
minutos. United
Artists.
 |
007(Roger Moore) e sua parceira (Jane Seymour) nas garras de um perigoso chefão, vivido por Yaphet Kotto |
James Bond enfrenta as forças da
magia negra nesta aventura cheia de adrenalina que o leva das ruas de Nova York
à Louisiana. Com charme, inteligência e uma autoconfiança mortal. Roger Moore
interpreta o Agente 007 e impede um poderoso chefão das drogas (Yaphet Kotto)
de concluir seu plano diabólico para conquistar o mundo. Oitava aventura no
cinema do Agente 007 e o primeiro com Roger Moore no estrelato. Em meio a todos
os truques, uma sequencia divertida: James Bond escapa de crocodilos, correndo
sobre eles, sem afundar na água. Trilha sonora: Live e Let Die, composta por Paul McCartney e Linda McCartney e
interpretada por Paul McCartney e Wings.
007 CONTRA O HOMEM DA PISTOLA DE
OURO
(The Man with the Golden Gun)
Inglaterra.
Ano: 1974. Direção: Guy Hamilton. Elenco: Roger Moore, Christopher Lee, Britt
Ekland, Maud Adams, Hervé Villechaize, Clifton James, Richard Loo, Marc
Lawrence, Bernard Lee, Lois Maxwell, Desmond Llewelyn. 125
minutos. United Artists.
 |
Maud Adams e Britt Ekland, as Bond Girls de 007 CONTRA O HOMEM DA PISTOLA DE OURO (1974) |
 |
007 e o vilão, vivido por Christopher Lee |
James
Bond está marcado para morrer e precisará de seus instintos mais letais aliados
a seu charme irresistível para sobreviver a esta ação ininterrupta! Roger Moore
assume o papel de Agente 007 e participa de um jogo mortal de gato-e-rato com o
assassino Francisco Scaramanga (Christopher Lee, 1922-2015). Com uma fantástica
perseguição automobilística por Bangcoc e com o eletrizante momento em que Bond
enfrenta toda uma equipe perita em artes marciais. A partir desta produção, o
produtor Albert R. Brocolli (1909-1996) se desligou de seu sócio Harry Saltzman
(1915–1994) e continuou sozinho com os direitos do personagem. Música
de John Barry (1933-2011), com a canção The
Man With The Golden Gun, interpretada por Lulu.
007 – O ESPIÃO QUE ME AMAVA
(The Spy Who Loved Me)
Inglaterra.
Ano: 1977. Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Roger Moore,
Barbara Bach, Curd Jurgens, Caroline Munro, Lois Maxwell, Bernard Lee, Desmond
Llewelyn, Richard Kiel. 125 minutos. United Artists.
 |
Barbara Bach, Curd Jurgens, e Roger Moore: 007, O ESPIÃO QUE ME AMAVA (1977) |
 |
Roger Moore e Barbara Bach em pré-estreia de 007, O ESPIÃO QUE ME AMAVA, a 20 de maio de 1977 |
Uma
bela agente Russa, Anya Amasova (Barbara Bach), se une a James Bond Para
impedir que o megalomaníaco Stromberg (Curd Jurgens, 1915-1982) leve cabo um
terrível plano para dominar e destruir o mundo. O diretor Gilbert (O Proscrito de Hong Kong e Afundem o Bismarck) faz ironia com os
outros filmes da série, levando tudo na mais pura gozação. Para começar, a
abertura do filme, quando Bond salta de um precipício e abre o paraquedas com a
bandeira da Inglaterra. O tema Nobody
Does It Better, foi composta por Marvin Hamlisch e interpretada por Carly
Simon.
007 – CONTRA FOGUETE DA MORTE
(Moonraker)
Inglaterra.
Ano: 1979. Direção: Lewis Gilbert. Elenco: Roger Moore, Lois
Chiles, Michael Lonsdale, Richard Kiel, Corinne Cléry, Bernard Lee, Geoffrey
Keen, Desmond Llewelyn, Lois Maxwell. 126 minutos. United Artists.
 |
James Bond em uma terrível luta com o gigante Jaws (Richard Kiel) em cima do bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro |
 |
Moore entre as Bond Girls Lois Chiles e Corinne Cléry |
James
Bond entra em órbita nesta ágil aventura que o leva de Veneza ao Rio de Janeiro
e ao espaço sideral! Roger Moore interpreta o Agente 007 pela quarta vez e une
forças com a cientista Holly Goodhead (Lois Chiles) da NASA para impedir um
industrial obcecado pelo poder (Michael Lonsdale) de destruir toda a vida
humana na face da Terra. Esta foi a 11ª aventura do agente britânico no cinema,
onde conta com uma cena antológica: a luta do gigante com dentes de aço, Jaws
(Richard Kiel, 1939-2014) contra Bond em cima do bondinho do Pão de Açúcar. As
sequencias do carnaval, ainda no Rio de Janeiro, deixa a desejar (realizados
próximos da Marquês de Sapucaí, antes do surgimento do Sambódromo, que só seria erguido em 1983).
Vale conferir também a presença cameo
do saudoso comediante brasileiro Carlos Kurt (1933-2003) como um guarda
alfandegário que tem o terrível dever de revistar Jaws em pleno aeroporto do
Galeão. O personagem de Kiel já havia integrado no filme anterior de Bond, O Espião que me Amava. A canção Moonraker foi
composta por John Barry (1933-2011) e interpretada por Shirley Bassey.
 |
Com Carole Bouquet: 007 SOMENTE PARA SEUS OLHOS (1981) |
007 – SOMENTE PARA SEUS OLHOS
(For Your Eyes Only)
Inglaterra. Ano: 1981. Direção: John Glen. Elenco: Roger Moore, Topol, Carole Bouquet, Lynn-Holly
Johnson, Julian Glover, Cassandra Harris, Michael Gothard, Lois Maxwell, Desmond
Llewelyn, Geoffrey Keen. 127 minutos – United Artists.
 |
Com o vilão Julian Glover: 007 SOMENTE PARA SEUS OLHOS (1981) |
Quando
um navio britânico é afundado em águas estrangeiras, as superpotências mundiais
começam uma corrida desesperada para achar sua carga: um sistema submarino de
controle nuclear. James Bond é lançado a uma de suas mais eletrizantes
aventuras ao participar da busca e evitar a devastação mundial. São
emocionantes as sequencias de alpinismo nesta 12ª aventura de Bond no cinema,
onde enfatiza constante ação sem muito uso de efeitos especiais. For Your Eyes Only foi composto por Bill
Conti e interpretada por Sheena Easton.
007 CONTRA OCTOPUSSY
(Octopussy)
Inglaterra. Ano: 1983. Direção:
John Glen. Elenco: Roger Moore, Maud Adams, Louis Jordan, Kristina
Wayborn, Kabir Bedi, Steven Berkoff, Desmond
Llewelyn, Robert Brown, Lois
Maxwell. 127
minutos – United Artists.
 |
Louis Jourdan e Maud Adams, os vilões de 007 CONTRA OCTOPUSSY (1983) |
O
Agente James Bond vai à Índia e a África Central para frustrar os planos de um
príncipe afegão (Louis Jourdan, 1921-2015) e de sua cúmplice (Maud Adams), que
saqueiam tesouros do último Czar da Rússia espalhados pela Europa. Por trás
deles manobra um general soviético (Steven Berkoff) que quer destruir Berlim
com a Bomba Atômica. A canção All Time
High, de John Barry, foi interpretada por Rita Coolidge.
 |
Com Tanya Roberts: 007 NA MIRA DOS ASSASSINOS (1985), último filme de Roger Moore no papel de James Bond. |
007 NA MIRA DOS ASSASSINOS
(A View To a Kill)
Inglaterra. Ano: 1983. Direção:
John Glen. Elenco: Roger Moore, Christopher Walken, Tanya
Roberts, Grace Jones,
Patrick Macnee, Patrick Bauchau, Fiona Fullerton, Alison
Doody, Desmond Llewelyn, Robert Brown, Lois Maxwell . 127 minutos – United Artists.
 |
Christopher Walken e Grace Jones, os vilões de 007 NA MIRA DOS ASSASSINOS (1985). |
Max Zorin (Christopher Walken)
elabora um plano para aniquilar o mercado mundial de microchips, e destruir o
vale do silício, próximo a San Francisco, justamente com o intento de dominar o
mercado de informática nos Estados Unidos. Mas o vilão terá James Bond em seu
caminho, em sua 14ª aventura para o cinema (sem contar 007- Nunca mais Outra vez, em 1983 com Sean Connery, que não foi
produzido por Albert Brocolli, então detentor dos direitos do personagem de Ian
Fleming). Roger Moore confere humor, elegância e charme letal à sua última
interpretação como o personagem. Com pouca agilidade (afinal, Moore já contava
58 anos de idade e já se iniciava a próxima “caçada” para o novo Bond,
ocupado dois anos depois por Timothy Dalton), mas sem perder qualquer
brilho. Destaque para a cantora Grace Jones, como a hercúlea e mortal parceira
de Zorin, e para a beleza de Tanya Roberts. A trilha A View to a Kill, interpretada pelo grupo Duran Duran,
definitivamente foi um marco nos filmes de 007, indo parar nas Paradas de Sucesso de todas as rádios em 1985.
 |
Roger Moore - Um 007 para ninguém botar defeito. |
Paulo
telles
Produção e Pesquisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
NOTAS DE OBSERVAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO DE COMENTÁRIOS.
COMENTÁRIO DE "ANÔNIMO" NÃO SERÃO RESPONDIDOS E CONSIDERADOS. POR FAVOR, LEIA COM ATENÇÃO:
1)Os Comentários postados serão analisados para sua devida publicação. Não é permitido ofensas ou palavras de baixo teor.
2) É Importante que o comentarista se identifique para fins de interação entre o leitor e o editor. Comentários postados por ANÔNIMO - NÃO SERÃO PUBLICADOS.
3) Anúncios e propagandas não são tolerados neste setor de comentários, pois o mesmo é reservado apenas para falar e discutir as matérias publicadas no espaço. Caso queira fazer uma divulgação, mande um email para filmesantigosclub@hotmail.com.
4) Perguntas que nada tenham a ver com a matéria ou a referida postagem não serão respondidas e serão desconsideradas e descartadas.
Grato.
O EDITOR
“Posso não Concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dize-la”
VOLTAIRE