Reza a lenda que Kirk Douglas fez grande campanha para ganhar
o papel principal do épico Ben-Hur
(William Wyler, 1959), sendo preterido por Charlton Heston. Wyler ofereceu a
Douglas o papel do vilão Messala (feito por Stephen Boyd), mas o ator se
recusou a ser coadjuvante. Baseado no sucesso do filme de Wyler que obteve 11
premiações da Academia, Douglas resolveu produzir seu próprio espetáculo épico.
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Kirk Douglas em SPARTACUS (1960) |
Sob a égide de sua produtora, Hetch-Hill-Lancaster productions, de Burt Lancaster. A Titanic), Douglas resolveu
produzir um épico bem diferente dos que vinham sendo produzidos.
Grande parte das produções ao estilo vinham sendo lançadas, geralmente, em teor
bíblico. Mas Kirk queria realizar algo que não tivesse teor religioso, mas sim político, que fosse uma alusão aos tempos vividos pelos Estados Unidos naquele presente momento. Daí, em
1960, nasce o projeto para realizar Spartacus
(Spartacus, 1960).
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A Revolta dos Escravos em SPARTACUS (1960). Com Kirk, |
Sendo assim, Douglas e sua produtora negociou os direitos da controversa história da obra literária lançada em 1952,
escrita por Howard Fast (1914-2003), que tornou-se uma leitura popular nos
meios comunistas. Para adaptar o romance de Fast, Kirk contratou Dalton
Trumbo (1905-1976), um dos “Dez de Hollywood”, que havia sido preso por se
recusar a cooperar para o Comitê de Atividades Antiamericanas e teve que
escrever roteiros sob pseudônimos por mais de uma década. Logo, Kirk Douglas também
entrou para a história por ajudar a destruir a lista negra ao permitir que um
dos perseguidos pelo "Caça às Bruxas" usasse seu próprio nome nos
créditos de Com seus 12 milhões de dólares,
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Kirk e Jean Simmons, como a mulher de Spartacus. |
O
orçamento começou a subir quando o diretor Anthony Mann foi despedido depois
das filmagens já iniciadas, após longa discussão com Kirk Douglas. Não demorou e Mann foi substituído por Stanley Kubrick, que
havia dirigido Douglas em Glória Feita de
Sangue em 1957. Douglas sempre foi conhecido por estar “no pé” dos
diretores, e brigou para tê-lo na direção de Spartacus. Há quem dissesse que Kubrick aceitou filmar o épico
porque queria se livrar do contrato que tinha com a produtora de Kirk, tanto
que renegou o filme por achar que não tinha total controle artístico sobre a
obra. Douglas explicou isso, mais tarde, em uma entrevista:
- Eu assisti a “O
grande golpe” e achei interessante. Liguei para o diretor, que era o Kubrick,
que me ofereceu “Glória feita de sangue”. Adorei o roteiro. Quando nos
encontramos, ele tinha rescrito tudo para ficar mais comercial. Insisti para
fazermos a primeira versão. Ele estava certo, o filme não foi bem, mas a
crítica adorou. Kubrick tinha um talento supremo, mas era um cara muito
difícil. Tudo tinha que ser do jeito dele, e mudava as coisas a todo momento.
Em “Spartacus”, a cena que ficou mais famosa é aquela em que todos gritam “Eu
sou Spartacus”, e Kubrick detestava, mas teve que filmar, já que eu era o
produtor e assinava os cheques.
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O Cast de SPARTACUS (1960) |
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Tony Curtis, Jean Simmons, Kirk Douglas. |
SPARTACUS foi lançado a 7 de outubro de 1960,
em uma pré-estreia em Nova Iorque, e acabou arrebatando quatro Oscars: melhor
ator coadjuvante (Peter Ustinov, 1921-2004), melhor direção de arte colorida,
melhor fotografia colorida e melhor figurino colorido. O elenco all star
constituído por Douglas, Peter Ustinov, Laurence Olivier, Jean Simmons, Charles
Laughton (um ídolo de Kirk), e Tony Curtis, ainda realçam mais este valoroso
espetáculo.
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O ator e produtor Kirk Douglas conversando com o elenco |
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Kirk comemorando o aniversário de Peter Ustinov, junto a Jean Simmons e Stanley Kubrick no set de SPARTACUS (1960) |
A colunista Hedda
Hopper (1885-1966) denunciou Kirk Douglas por contratar Trumbo e a Legião Americana
fez piquete na pré-estreia em Los Angeles, no dia 7 de outubro de 1960. O Bom
Douglas não se deixou intimidar, e mandou uma resposta para Hedda e seus
aliados, contratando Dalton Trumbo para escrever o roteiro de mais dois filmes
para ele. Kirk recordou isso em uma recente entrevista para um jornal:
- Foi uma época vergonhosa, especialmente porque éramos todos uns hipócritas. Contratávamos os profissionais que estavam na lista negra e usávamos o talento deles pagando salários menores. Eu já queria Dalton para “Sua última façanha”, mas pedi para escrever “Spartacus” primeiro. “Spartacus” foi muito perseguido pela colunista Hedda Hopper e pela Legião Americana por termos usado o livro de Howard Fast, um comunista, e pelo roteiro de Dalton, que estava na lista negra por ser comunista.
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Stanley Kubrick observa Woody Strode e Kirk Douglas |
Sobre a direção de Kubrick em Spartacus, o velho astro declarou em recente entrevista para um famoso jornal brasileiro:
- Eu assisti a “O grande golpe” e achei
interessante. Liguei para o diretor, que era o Kubrick, que me ofereceu “Glória
feita de sangue”. Adorei o roteiro. Quando nos encontramos, ele tinha rescrito
tudo para ficar mais comercial. Insisti para fazermos a primeira versão. Ele
estava certo, o filme não foi bem, mas a crítica adorou. Kubrick tinha um
talento supremo, mas era um cara muito difícil. Tudo tinha que ser do jeito
dele, e mudava as coisas a todo momento. Em “Spartacus”, a cena que ficou mais
famosa é aquela em que todos gritam “Eu sou Spartacus”, e Kubrick detestava,
mas teve que filmar, já que eu era o produtor e assinava os cheques.
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Kirk, Carol Lynley, Dorothy Malone, e Rock Hudson: O ÚLTIMO PÔR DO SOL (1961). |
Em 1961, após o sucesso do épico Spartacus, Kirk Douglas atua em um novo western, desta vez sendo o
antagonista de Rock Hudson (1925-1985) e entre os dois está a bela Dorothy
Malone, em O Último Pôr do Sol (The Last Sunset), sob direção de Robert
Aldrich (1918-1983). Um faroeste cheio de ação e tensão ao estilo do cineasta,
onde Douglas, um fora da lei, entra em conflito com o lawman vivido por Rock, por causa da esposa deste vivida por
Malone, onde a filha dela, vivida por Carol Lynley, nem escapa das investidas
de Kirk. O Western teve a colaboração do roteirista Dalton Trumbo.
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Kirk e Dorothy Malone em O ÚLTIMO PÔR DO SOL (1961) |
Trumbo ainda colaborou em seguida para outro trabalho de Kirk, e
um dos mais famosos: Sua Última Façanha (Lonely
Are the Brave), dirigido por David Miller, onde evoca a desmistificação do
cowboy dos tempos modernos, onde Douglas interpreta um detento que como última
façanha de sua vida tenta concretizar sua fuga da penitenciária.Douglas sempre declarou que este foi seu filme preferido, de todos que atuou.
TRABALHOS PRINCIPAIS NA DÉCADA DE 1960
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Kirk e Edward G. Robinson no set de CIDADE DOS DESILUDIDOS (1962) |
Entre 1962 a 1969,
Kirk Douglas foi um astro ativo em um dos grandes campeões de bilheteria neste
período, trabalhando para grandes cineastas. Reencontrou Vincente Minnelli para
fazerem A Cidade dos Desiludidos (Two
Weeks in Another Town) em 1962, rodado na Itália, onde novamente entra como tema o mesmo percurso de Assim Estava Escrito, realizado com o
mesmo diretor dez anos antes, tendo como pano de fundo o mundo do cinema. Cidade dos Desiludidos contou com os astros Edward G. Robinson, Cyd Charise, Claire Trevor, e George Hamilton.
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A LISTA DE ADRIAN MESSENGER (1963) |
Entre 1963 a 1964,
Kirk realiza outros dois filmes ao lado do “amigo” Burt Lancaster: A Lista de Adrian Messenger (The List of Adrian Messenger), produção
trazendo grandes astros das telas em participações ligeiras, como Tony Curtis,
Robert Mitchum, o próprio Burt Lancaster, e Kirk Douglas em quatro papéis
diferentes.
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Outra vez com Lancaster, em SETE DIAS DE MAIO (1964) |
Sete Dias de Maio (Seven Days in May), realizado em 1964 e
dirigido por John Frankenheimer, une novamente Lancaster & Douglas numa
história curiosa sobre um Golpe de Estado em Washington contra o Presidente dos
EUA (vivido por Fredric March), promovido por um general de cinco estrelas
interpretado por Burt Lancaster, mas o amigo e oficial subordinado deste vivido
por Douglas, não apoia as iniciativas de seu superior.
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Com John Wayne: A PRIMEIRA VITÓRIA (1965) |
Entre 1965 e 1967, Kirk atua em três filmes com John Wayne. Amigos muito embora tivessem pensamentos diferentes sobre política, os dois astros exerciam sintonia para as plateias. A Primeira Vitória (In Harm's Way, 1965), drama naval com base no romance de James Bassett e dirigido por Otto Preminger (1905-1986); A Sombra de um Gigante (Cast a Giant Shadow, 1966), filme bélico dirigido por Melville Shavelson e um elenco all-star (Yul Brynner, Senta Berger, Angie Dickinson, Frank Sinatra); Gigantes em Luta (The War Wagon, 1967), faroeste de aventuras com toques de humor dirigido por Burt Kennedy.
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Novamente com John Wayne em GIGANTES EM LUTA (1967)
AVENTURAS DE GUERRA |
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Com Richard Harris: OS HERÓIS DE TELEMARK (1966) |
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Como o General Patton em PARIS ESTA EM CHAMAS? (1966) |
Entre 1965 e 1966, Douglas participa de dois filmes de guerra. A
aventura Os Heróis de Telemark (The Heroes of Telemark), sob direção de
Anthony Mann (com quem já havia esquecido os desentendimentos sobre a direção de Spartacus, em 1960) e ao lado de Richard
Harris (1930-2002); e no europeu Paris
está em Chamas? (Paris brûle-t-il?), direção de René Clément, e constelados
por grandes estrelas como Jean Paul-Belmondo, Alain Delon, Leslie Caron,
Charles Boyer, Jean-Pierre Cassel, George Chakiris, Gert Fröbe, Glenn Ford, e
Kirk Douglas vivendo o General George S. Patton.
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Com Robert Mithum e Richard Widmark: DESBRAVANDO O OESTE (1967) |
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Com Faye Dunaway: MOVIDOS PELO ÓDIO (1969), de Elia Kazan |
Encerrando a década
de 1960, Douglas faz um western de aventuras para Andrew V. McLaglen, Desbravando o Oeste (The Way West), onde
divide as atenções com Robert Mitchum e Richard Widmark; Entre o Desejo e A Morte (A Lovely Way to Die), em 1968, uma
aventura a moda 007 de espionagem, contracenando com a bela Sylva Koscina
(1933-1994); e uma obra de Elia Kazan, Movidos
pelo Ódio (The Arrangement), em 1969, drama familiar sobre um homem que
tenta o suicídio e que mesmo sendo um executivo bem sucedido, ele
relembra fatos de sua vida, como o envolvimento com uma mulher mais jovem (Faye
Dunaway)e os problemas com a esposa (Deborah Kerr).
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Com Henry Fonda, no faroeste debochado NINHO DE COBRAS (1970) |
TRABALHOS PRINCIPAIS NA DÉCADA DE 1970
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O FAROL DO FIM DO MUNDO (1971) |
Kirk Douglas abre os
anos de 1970 com toda a disposição e vigor, tanto que aparece nu pela primeira
vez no cínico e humorístico western Ninho
de Cobras (There Was a Crooked Man...), de Joseph L. Mankiewicz, onde atua
com Henry Fonda, em 1970. Em 1971, Douglas estrela outra aventura baseada na
obra literária de Julio Verne, O Farol do
Fim do Mundo (The Light at the Edge of the World), com Yul Brynner e
Samantha Eggar e direção de Kevin Billington.
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Com Johnny Cash: O DUELO (1971) |
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Com Florinda Bolkan: UM TOQUE DE MESTRE (1972) |
Ainda em 1971, Douglas estrela com o cantor Johnny Cash o
faroeste O Duelo (A Gunfight), sob
direção de Lamont Johnson. No mesmo ano, roda na França Como Agarrar um Espião (Catch Me a Spy), de Dick Clement, com Marlène
Jobert. Ainda na Europa e no ano seguinte, Kirk filma ao lado de Giuliano Gemma
e da brasileira Florinda Bolkan Um Toque de Mestre (Un uomo da rispettare), direção de Michele Lupo.
Kirk Douglas na TV
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Kirk como Mr. Hyde, na adaptação televisiva e musical de O MÉDICO E O MONSTRO (1973) |
Os anos de 1970 foram
prolíficos para a história da televisão americana, e astros do cinema também
queriam fazer investimentos na telinha, e isso não foi exceção para Kirk
Douglas. Em 1973, Kirk estreou o telefilme O
Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde), dirigido por David Winters e
baseado no célebre livro de Robert Louis Stevenson, em uma versão musical da
história, onde Douglas vive o atormentado médico já vivido no cinema por
Fredric March e Spencer Tracy.
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Kirk em UM ASSASSINO NA CIDADE (1973) |
No mesmo ano de 1973,
Kirk estrela outro trabalho televisivo, Um
Assassino na Cidade (Mousey), sob direção de Daniel Petrie, ao lado de Jean
Seberg (1934-1979), onde vive um professor ridicularizado pelos alunos e que
vem a se tornar um violento assassino numa pacata cidade após o divórcio da
esposa.
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VITÓRIA EM ETEBBE (1976) |
Em 1976, Kirk participa de Vitória
em Etebbe (Victory at Entebbe), sob
direção de Marvin J. Chomsky. A dramática história da missão de resgate
contraterrorista levada a cabo pelas Forças de Defesa de Israel no Aeroporto
Internacional de Entebbe em Uganda no dia 4 de julho de 1976. Com Douglas ainda
participam Burt Lancaster, Richard Dreyfuss, Elizabeth Taylor, Linda Blair, e Helmut
Berger. A mesma trama foi levada aos cinemas no mesmo ano como Resgate Fantástico (Raid On Entebbe),
sob direção de Irvin Kershner e estrelado por Charles Bronson e Peter Finch.
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THE MONEYCHANGERS (1976)- MINISÉRIE |
Ainda em 1976, Douglas participa da minissérie Arthur Hailey's the Moneychangers,
exibida em quatro capítulos e baseada no romance de Arthur Hailey, reunindo uma
constelação milionária de estrelas, como Christopher Plummer, Susan Flannery,
Anne Baxter, Ralph Bellamy, Joan Collins, Jean Peters, Lorne Greene, entre
outros.
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AS AVENTURAS DE UM VELHACO (1973) |
Em 1973, Kirk estreia
atrás das câmeras (e na frente delas) em As
Aventuras de um Velhaco (Scalawag), uma aventura dos sete mares onde tem no
elenco Mark Lester, Neville Brand, e Lesley Anne-Down.
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AMBIÇÃO ACIMA DA LEI (1975) |
Ambição
Acima da Lei (Posse), segundo filme para o cinema dirigido pelo
ator onde também estrela, é um faroeste que entusiasmou os críticos por seu
substrato de alegoria política, justamente quando os EUA, em 1975 (ano em que
foi produzido) padecia das agruras recentes do Vietnã e a consciência americana
clamava por honra e dignidade.
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Rendido por Bruce Dern: AMBIÇÃO ACIMA DA LEI (1975) |
Douglas interpreta um delegado que está em
campanha para o Senado, e que para conseguir votos e simpatia do eleitorado,
caça um foragido da lei muito astuto, vivido por Bruce Dern. Longe de ser o “mocinho”,
o delegado vivido por Douglas é o retrato da manipulação e da propaganda
enganosa perante um povo acovardado, que aos poucos, percebe que ele não é
aquilo que ele diz ser.
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Kirk Douglas, ator e diretor de AMBIÇÃO ACIMA DA LEI (1975) |
Sobre a arte da direção, Kirk Douglas declarou em uma entrevista realizada em setembro de 1978:
- Esperei demais para enfrentar a direção cinematográfica.Mas foi uma experiência excitante, embora eu não tivesse obtido o sucesso que esperava. O primeiro filme que fiz (As Aventuras de um Velhaco)se destinava as crianças, mas era forte demais para elas e insuficientemente dramático para adultos. Em "Posse" (Ambição Acima da Lei), quis fazer um western diferente, que poderia ser intitulado de "Western Watergate". Aí raciocinei: em todos os filmes de mocinho há sempre um xerife procurando bandidos. E se meu xerife fosse um homem com ambições políticas que desejasse ser Presidente dos EUA? Mas o filme foi um fracasso nos Estados Unidos e fez sucesso na Inglaterra. Por isso me convenci que é mais fácil ser ator do que diretor. E também é mais fácil obter dinheiro quando, além de dirigir um filme, você o interpreta também. Depois de ter experimentado a direção, tenho mais simpatias pelos atores, é uma profissão solitária. A câmera é fria mas ela registra tudo que esta diante dela. Portanto fica fácil dizer: Isto esta bem, isto esta mal, por trás da câmera. Mas quando estamos diante dela, corremos riscos maiores. Hoje sou muito compreensivo com atores, mas não quero mais dirigir filmes.
OUTROS TRABALHOS IMPORTANTES PARA CINEMA
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Com Deborah Raffin: UMA VEZ SÓ NÃO BASTA (1975) |
Em 1975, Kirk atua no drama Uma
Vez Só não Basta (Once Is Not Enough), sob direção de Guy Green e estrelado
por David Janssen, George Hamilton, Alexis Smith, e Deborah Raffin, baseado no
último Best Seller de Jacqueline
Susann (1918–1974).
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HOLOCAUSTO 2000 |
Em 1977, Douglas
investe em uma obra de ficção e horror rodada na Itália, Holocausto 2000 (Holocaust
2000), do diretor Alberto De Martino, contracenando com Agostina Belli.
Nessa película, o astro Douglas aparece pela segunda vez nu (a primeira havia
sido em Ninho de Cobras,1970)e a cena
foi sugerida pelo próprio ator ao diretor italiano, mas conforme Douglas em
depoimento, não há nada de pornográfico, mas do anticristo voltando para
destruir a humanidade. E tal cena foi feita a uma certa distância estando Kirk
de costas.
Em 1977, Kirk Douglas participa de um dos trabalhos mais
cultuados do diretor Brian De Palma, A
Fúria (The Fury, 1977), thriller psicológico
baseado em livro de John Farris. Douglas
é Peter Sandza, um ex agente secreto de férias com seu filho Robin (Andrew
Stevens) num balneário da Palestina quando o local é atacado por um comando
árabe, plano este elaborado por um amigo de Peter, Childress (John Cassavetes,
1929-1989). Contudo, Childrees dirige um organismo secreto destinado a usar
como arma mortal os poderes parapsicológicos, sequestrando Robin que possui
força psíquica sobrenatural. Peter escapa do atentado e tenta resgatar o filho,
enquanto Childress se mantém em seu encalço, submetendo Robin a uma lavagem
cerebral. Para encontrar Robin, Peter conta com a ajuda de Gillian Bellaver
(Amy Irving), também dotada de força paranormal.
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Com Andrew Stevens, em A FÚRIA (1977), de Brian De Palma |
Apesar de sua visão antissionista, Douglas sempre se declarou favorável ao Estado de Israel e chegou a se justificar:
- Em outros tempos, eu
acreditava que um ator podia e devia usar seu trabalho como veículo de suas
ideias e convicções. Hoje não penso mais assim. É uma atitude ingênua e serve
para criar certa confusão em torno do trabalho do ator, porque o público acaba
confundindo com em uma coisa, só interpretação e engajamento. Mas falando em “The
Fury”, devo dizer que não poderia recusar um filme tão interessante, feito por
um diretor talentoso. “The Fury” vai provocar reações fortes, ninguém vai ficar
indiferente. Vi as reações da plateia quando fui ao lançamento em Tóquio.
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A FÚRIA de Kirk Douglas |
Para Kirk, trabalhar com o diretor Brian De
Palma foi um prazer e declarou em uma entrevista na época do lançamento:
- Trabalhar com Brian De Palma foi um prazer. Foi o mesmo como trabalhar com meus filhos, muito estimulante. Além disso, estes diretores tem muito respeito pelo trabalho que fizemos outrora. De Palma brincava comigo durante as filmagens de "The Fury" me fazendo adivinhar de cenas de velhos filmes que interpretei. Ele representava pra mim cenas de velhos filmes que eu mesmo já havia esquecido há muito tempo.
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Com Ann-Margret e Arnold Schwarzenegger em CACTUS JACK, O VILÃO (1979) |
Paródia dos filmes de faroeste com gags de desenhos animados, pela primeira vez em sua longa e rica
carreira, Kirk Douglas interpreta um papel mais do que cômico no western humorístico
Cactus Jack, o Vilão (The Villain),
realizado em 1979 e dirigido por um especialista em ação, Hal Needham, ex dublê
e ator.
Douglas interpreta o fora da lei Cactus Jack Slade, que espera a
chegada de um trem para atacar, mas ao invés disso, resolver perseguir uma bela
mulher (Ann-Margret) e seu “protetor” musculoso (Arnold Schwarzenegger). O “Vilão”
do título original se afronta com a bela e o fortão no cenário do grandioso
Monument Valley, terra dos heroicos pioneiros da grande América. Entretanto, o
"duelo" é cercado de ironias e paródias digna dos grandes Cartoons. Com a baixa dos faroestes nas
bilheterias (o gênero praticamente estava se extinguindo no final da década de
1970) e a ideia de ver Douglas num papel não muito digno de sua
personalidade e talento não tiveram a aprovação do grande público.
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Com Farrah Fawcett em SATURNO 3 (1980) |
A década de 1980 continua sendo uma das mais produtivas na carreira de Kirk Douglas. Em 1980, estrelou com a pantera Farrah Fawcett (1947-2009) a ficção com tons de erotismo Saturno 3 (Saturn 3), sob direção de Stanley Donen. No mesmo ano, estrelou Nimitz - De Volta ao Inferno (The Final Countdown), sob direção de Don Taylor, uma mistura de filme de guerra com ficção científica, ao narrar sobre um porta-aviões moderno que se desloca misteriosamente para o ano de 1941, próximo ao Havaí, poucas horas antes do ataque japonês a Pearl Harbor.
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Com John Schneider: CAÇADA IMPIEDOSA (1983) |
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Abraçando Pat Morrita, ao lado de Dorothy McGuire, e Elizabeth Montgomery sentada: AMOS (1985) |
Em 1983, Kirk estrela
com o ídolo televisivo do momento, John Schneider (astro da série Os Gatões, 1979-1985)o policial Caçada Impiedosa (Eddie Macon's Run),
sob direção de Jeff Kanew, onde interpreta um implacável detetive que persegue
um jovem presidiário, vivido por Schneider. Em 1985, Douglas estrela um
trabalho para a televisão, ao lado da “feiticeira” Elizabeth Montgomery
(1933-1995) o drama Amos (Amos),
baseado no romance de Stanley Gordon West, sobre um idoso que perde sua esposa
em um acidente e sem parentes próximos por perto acaba indo para um asilo, onde
sofre maus tratos da enfermeira vivida por Montgomery, contudo não se deixando
abalar pelas agressões. Na época, Douglas, aos 68 anos, fez uma campanha massiva perante o Senado
Americano contra o abuso e o abandono de idosos.
O
RELACIONAMENTO ENTRE KIRK & BURT.
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Burt Lancaster & Kirk Douglas. "Grandes Amigos" perante a
Hoje, sabe-se que a
relação entre estes dois titãs da cinematografia mundial, Burt Lancaster e Kirk
Douglas, fora das telas não era das melhores. Poderia se imaginar grandes bons
amigos por atuarem juntos em sete filmes - Vitória
em Entebbe (1976) (TV), Os Últimos
Durões (1986), Sete Dias de maio
(1964), A Lista de Adrian Messenger
(1963), Estranha Fascinação (1948), Sem Lei e Sem Alma (1957), e O Discípulo do Diabo (1959), devido em
grande parte ao fascínio que os dois grandes astros exerciam nas telas.
Contudo, o elo entre os dois não passava apenas de uma grande jogada
publicitária promovida pelo agente de Kirk Douglas. Muitas vezes, Burt tratava Douglas
com ironia, algumas vezes com crueldade, e as vezes indiferença. Contudo, houve
poucos momentos que os dois pudessem realmente se entender.
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SEM LEI E SEM ALMA (1957) de John Sturges. |
Recentemente, numa
entrevista concedida ao jornal
- Em “Sem lei
e sem alma”, o nome do Burt Lancaster era o primeiro, mas ganhei o dobro do
salário dele, porque Burt tinha contrato com o estúdio, e eu não. Interessante
que fiz sete filmes com ele, e as pessoas acham que éramos superamigos. Não
tínhamos uma relação de amizade fora do ciclo de trabalho. Nos respeitávamos,
mas nunca fomos grandes amigos. E a gente até competia bastante. Num outro
exemplo, fiz quatro filmes com o John Wayne, e a gente discutia política o
tempo todo. Mas sinto falta deles todos.
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OS ÚLTIMOS DURÕES (1986): O Último encontro de duas inegáveis lendas do cinema internacional: Burt Lancaster e Kirk Douglas. |
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OS ÚLTIMOS DURÕES (1986) |
Burt e Kirk se reencontraram pela última vez nas telas em
1986, em Os Últimos Durões (Tough Guys, 1986), do diretor Jeff
Kanew. Um criminal humorístico com os veteranos Lancaster (então com 73 anos) e
Douglas (então com 70) nos papéis respectivamente de Harry Doyle e Archie Long,
presos em 1956 por terem cometido o último assalto de trem nos Estados Unidos,
obtendo liberdade condicional trinta anos depois. Verdadeiros anacronismos, os
dois deparam fora das grades com uma Los Angeles completamente diferente de que
conheciam. Sentindo que são tratados como inválidos na sociedade moderna, os
dois planejam voltar a ação e provar que são os durões dos velhos tempos. Uma
verdadeira crítica social.
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Com Mia Sara: QUEENIE (1987) - Para a TV |
Kirk encerrou com estilo o fim da década de 1980, realizando
alguns poucos trabalhos para televisão, como a minissérie Queenie, realizada em 1987.
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Em aparição |
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VERAZ (1991) |
Em 1991, Kirk é
convidado a viver por poucos momentos (e sem créditos) o pai de Sylvester
Stallone na comédia Oscar, Minha Filha
quer Casar (Oscar), sob direção de John Landis. Douglas aceitou o papel
após a recusa de Victor Mature. No mesmo ano, Douglas embarca para a França e
estrela uma produção local, Veraz,
sob direção de Xavier Castano, nunca exibido no Brasil.
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Com Michael J. Fox: OS PUXA SACOS (1994) |
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Com Lauren Bacall, em EM BUSCA DOS DIAMANTES (1999) |
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Reminiscências de Midge Kelly em EM BUSCA DOS DIAMANTES(1999), filme para a Miramax. |
Em 1994, Douglas vira “tio” de Michael J. Fox na comédia Os Puxa Sacos (Greedy), de Jonnathan
Lynn. Em 1999, se une a amiga e benfeitora Lauren Bacall em outra comédia para a Miramax, Em Busca dos Diamantes (Diamonds), sob
direção de John Asher, co-estrelado por Dan Aykroyd. Um
boxeador aposentado convence filho e neto a irem como ele para Nevada para
procurar 13 diamantes que ele ganhou como prêmio em uma luta anos atrás. As
pedras preciosas estão escondidas em algum lugar em Las Vegas. Douglas vive o
velho boxeador, e reminiscências de seu personagem Midge Kelly em O Invencível de 1949 são retratadas no
filme.
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Kirk com seu filho Michael e seu neto Cameron: |
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Com sua ex-esposa na vida real, Diana Douglas: ACONTECE NAS MELHORES FAMÍLIAS (2003) |
Em 2003, Kirk Douglas realiza o sonho de trabalhar ao lado do
filho Michael Douglas, do neto Cameron Douglas, e ainda de soma, a ex-mulher do
ator (e amiga), Diana Douglas, mãe de Michael, na comédia Acontece nas Melhores Famílias (It Runs in the Family), do diretor Fred
Schepisi. Diana Douglas viria a falecer em 2015.
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Kirk e Diana Douglas. Diana era mãe do ator |
Como se sabe, Diana
Douglas foi a primeira esposa de Kirk Douglas. Se conheceram quando ela estudava
arte dramática em Nova Iorque e se divorciaram em 1951.
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Kirk e sua segunda esposa - Anne Buydens Douglas. |
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Kirk e Anne |
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Kirk e Anne Douglas. |
Em 1954, durante o
Festival de Cinema em Cannes, conheceu Anne Buydens, de origem belga. Se apaixonaram
e se casaram 29 de maio de 1954, e desde então, Anne Douglas tem formado com o
marido Kirk um dos mais extraordinários casais de Hollywood, uma coisa muito
rara, ao longo de mais de 60 anos de união.
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Kirk e os filhos Peter e Eric. |
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Anne e Kirk em 2006 |
Anne deu mais dois filhos para Kirk: Peter (nascido em
1955) e Eric (nascido em 1958). Eric viria a falecer em 2004, por abuso de
barbitúricos. Kirk Douglas ainda é avô de sete netos: Cameron Douglas (nascido
em 13 Dezembro de 1978), Dylan Michael Douglas (nascido em 8 de agosto de
2000), Carys Zeta Douglas (nascido a 20 de abril de 2003)- filhos Michael
Douglas; e Kelsey (nascido em 1992), Tyler (nascido em 1996), Ryan (nascido em
2000) e Jason (nascido em 2003)- filhos de seu outro filho, Peter Douglas.
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Na França, onde Kirk recebeu a Legião de Honra, em 1985. |
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Kirk, cercado da nora Catherine Zeta-Jones, da esposa Anne e |
Kirk declarou há alguns dias quando perguntado sobre a relação
com os filhos:
- Michael e Joel são filhos do meu primeiro casamento, que não durou
muito. Eu chegava a fazer três filmes por ano e nunca estava em casa. Fui um
pai ausente. Joel se tornou produtor. Michael ganhou dois Oscars (produtor e ator) antes de mim. Só
ganhei pelo reconhecimento da minha obra cinematográfica. No meu segundo
casamento tive mais dois filhos: Peter e Eric. Eu estava muito mais presente,
mas acabei perdendo o mais novo, Eric, de overdose, em 2004. Ele era um
comediante de stand up tentando encontrar seu lugar no mundo. Infelizmente não
aguentou a pressão de ter pai e irmão famosos e bem-sucedidos.
KIRK DOUGLAS, O FILHO DO TRAPEIRO
Em 1978, Kirk Douglas almejava escrever sua autobiografia.
Contudo, seus projetos literários não ficariam apenas com um único livro. Kirk
declarou em entrevista neste mesmo ano o que achava de sua carreira como
escritor:
- Tenho dois livros em projeto: o primeiro é um romance e o segundo é a história da minha vida. Este último pode parecer banal, mas está na moda os atores contarem suas vidas assim. Mas o meu livro seria diferente. porque meu proposito é escrever aos meus quatro filhos certos fatos da minha vida que eles desconhecem. Creio também que represento o último ator de certa época, a do filho de imigrantes que chega ao auge do sucesso e da celebridade graças ao esforço pessoal. Meus pais eram pobres e analfabetos, minha m,ãe aprendeu a ler comigo. Dei o salto da Idade Média - representada pelo obscurantismo da minha família - para a época moderna, porque pude frequentar a universidade e aprender esta profissão.
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O FILHO DO TRAPEIRO - Livro autobiográfico de Kirk Douglas. Edição lançada no Brasil. |
Certa vez indo em seu carro para Palm Springs, na Califórnia, Kirk deu carona para um jovem marinheiro. O rapaz, quando entrou no carro, acabou reconhecendo o famoso motorista, e exclamou surpreso:
- Meu Deus!!! Você sabe quem é você?
Para Douglas refletir sobre isso não foi piada. Foi uma pergunta
que ele diversas vezes fez ao longo da vida.
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Anne e Kirk: Uma união de mais de 60 anos. |
Kirk levou 25 anos
para escrever sua autobiografia. Entre outros detalhes, ele admite que era um
sedutor incorrigível, fato talvez que levou a sua separação da esposa Diana. A
se levar a sério a sinceridade de Douglas, estaríamos diante de um garanhão
soberbo, de inesgotável vitalidade e infinita capacidade de se interessar por
qualquer espécie de saias.Renunciando ao relato de casos menos importantes, o ator esmiúça
com a alegria de um fauno empedernido suas performances sexuais com algum dos
grandes mitos do cinema.
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Kirk e Rita Hayworth: Um breve namoro! |
Com Rita Hayworth, por exemplo, sugere que não buscou
a famosa Gilda, mas a mulher despida
do mito, o que parece tê-la envaidecido. Com Joan Crawford, a experiência foi
traumática. Porém, segundo Douglas, a experiência mais traumática foi por conta
de seu longo noivado com Pier Angeli, a quem considerava como um modelo de
virtude até o dia em que ela o traía com uma constância verdadeiramente espantosa.
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Kirk e Pier Angeli |
Num balanço geral do livro, mesmo que Douglas aborde alguns
assuntos pertinentes, como o Macarthismo, a hipocrisia dos agentes
cinematográficos, e o despotismo dos grandes estúdios, a impressão que fica é a
de um autor muito preso as minúcias, empenhado em relatar, de modo cronológico,
seus trabalhos.
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Kirk e Anne, em evento beneficente, saboreando guloseimas. |
Ainda
assim, mantém uma atividade literária invejável até hoje e vai lançar seu 12º livro em
abril de 2017: “Kirk and Anne: a Hollywood life”, sobre as mais de seis décadas de seu
casamento com Anne Douglas, também atriz, de 97 anos.
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Capa da Revista Manchete de 1963. |
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Kirk em folia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, fantasiado |
Kirk Douglas já visitou nosso país. Já esteve em São Paulo, Rio
de Janeiro, e em Brasília. No Rio de Janeiro, passou o carnaval de 1963, e ele
e sua esposa Anne ficaram hospedados no famoso Copacabana-Palace. Douglas ainda
brincou o carnaval fantasiado de gladiador, bem ao estilo Spartacus, no Teatro Municipal.
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Kirk de braços dados com seu filho Michael, saindo de uma |
No início da década de 1980, Kirk Douglas já enfrentava alguns
problemas cardíacos, o que fez com que implantassem no ator um marca-passo. Em
1991, escapou vivo de um acidente de helicóptero, no qual dois tripulantes
morreram. Teve o corpo todo queimado, mas se recuperou. Em 1996 um derrame
afetou parcialmente sua capacidade de falar, mas veio a se recuperar com o auxílio
de uma fonoaudióloga, que inclusive o preparou para o discurso de agradecimento
à premiação do Oscar, quando recebeu das mãos de seus filhos uma estatueta em
honra a sua obra cinematográfica.
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Kirk e Michael Douglas |
Kirk Douglas também se arrepende de ter feito muitas cenas de ação em seus filmes sem dublês. Por conta disso, ele hoje tem uma grave crise na coluna e seus joelhos são próteses.
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O roteirista Dalton Trumbo |
Inimigo figadal das políticas de opressão, Kirk
Douglas sempre foi membro do Partido Democrata Americano e foi extremo opositor
da perseguição promovida pelo Senador Joseph McCarthy aos “comunistas” de
Hollywood. Recuperou o escritor Dalton Trumbo, um dos banidos pelo comitê de
Atividades Antiamericanas, e foi defensor incessante de inúmeras causas.
Em 2015, foi lançado o filme Trumbo - A Lista Negra (Trumbo), do diretor Jay Roach, onde o roteirista é vivido por Bryan Cranston, e Dean O' Gorman interpreta Kirk Douglas, com Helen Mirren vivendo a grotesca Hedda Hopper, Michael Stuhlbarg no papel de Edward G. Robinson, e David James Elliott como John Wayne.
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Kirk e Anne - 2013 |
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A estrela de Kirk no Calçadão da Fama. |
Recebeu do Presidente Bill Clinton a mais alta condecoração
civil dos Estados Unidos, a President
Medal of Freedom, em 1994. Em 2016, prestes a completar seu centenário, foi
questionado sobre a polêmica eleição americana e em quem votaria, se em Hillary
Clinton ou em Donald Trump:
-Não quero opinar sobre
esta eleição, não tenho mais idade para polêmicas, mas eu sempre fui membro do
Partido Democrata.
Kirk Douglas sempre foi considerado uma pessoa gentil
para com os jornalistas e fãs. Uma vez ele foi questionado, no fim dos anos de
1970, sobre a nova geração de atores que tomava conta do mercado americano no
então período, como Dustin Hofmann, Robert De Niro, e Al Pacino:
- Todos muito talentosos. O único defeito deles é serem parecidos uns com os outros. Isto os limita. Um ator tem que variar sua interpretação.
Sobre a moda dos “filmes-disco”, no fim dos anos 70,
como Os Embalos de Sábado a Noite,
frisou Kirk Douglas:
-Primeiro foi a voga dos filmes catástrofe.
Depois veio a moda dos filmes de efeitos especiais. Finalmente entramos na fase
do “filme disco”. Tudo isto é mau para o cinema, porque diminui a qualidade da
arte cinematográfica. É preciso lutar contra os filmes que não ajudam a
levantar o nível da produção e realização.
Sobre qual o diretor com quem mais gostou de trabalhar, Kirk respondeu:
- Todos foram muito bons. Não tenho nenhum preferido, e cada um tinha suas qualidades e estilos.
Quando recentemente questionado neste ano de 2016, sobre
que tipo de cinema o fascinava, Kirk respondeu:
- Não vou mais ao cinema, só vejo o que o Michael faz. E tem um fato curioso: fui convidado para fazer o Coronel Trautman, amigo do Rambo, no primeiro filme. Sugeri que meu personagem matasse o Rambo no final, não concordaram, acabei desistindo. E quase evitei que o (Sylvester) Stallone faturasse milhões com todas aquelas sequências. Já me encontrei com ele e rimos muito disso.
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O Patriarca Kirk Douglas, cercado pela família, para comemorar |
Kirk Douglas comemorou dia 9 de dezembro de 2016 seu centésimo
aniversário! A festa de 100 anos de idade do ator foi organizada por seu filho,
Michael Douglas e sua nora, Catherine Zeta-Jones.
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Kirk recebendo beijos de seu filho Michael e de sua nora |
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Kirk cercado pelos amigos, em celebração de seu centenário. |
Quando Kirk foi questionado sobre sua longevidade, se ele teria
algum segredo para chegar aos cem anos, ele respondeu:
- Sempre me pedem conselhos sobre viver uma
vida longa e saudável. Eu não tenho nenhum. Eu acredito, no entanto, que temos
um propósito para estar aqui. Eu fui poupado depois de um acidente de
helicóptero e um derrame para fazer mais bem no mundo antes de deixá-lo.
KIRK DOUGLAS foi uma das maiores lendas do cinema, que proporcionou para as plateias do mundo toda sua arte e estilo. Suas performances serão eternas:
Midge Kelly, Ricky Martin, Chuck Tatum, Detetive James McLeod, Van Gogh,
Jonathan Shields, Ulysses, Ned Land, Dempsey Rae, Coronel Dax, Doc Holliday,
Marechal Matt Morgan, Spartacus...e tantos outros que cativaram os amantes da
Sétima Arte ao longo de sete décadas. Kirk Douglas morreu a 5 de fevereiro de 2020, aos 103 anos de idade.

Filmografia
1946 –
O TEMPO NÃO APAGA (The Strange Love of Martha Ivers). Direção: Lewis Milestone.
1947 –
CONFLITO DE PAIXÕES (Mourning Becomes Electra).
1947 – FUGA AO PASSADO (Out of the Past).
Direção: Jacques Tourneur
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ESTRANHA FASCINAÇÃO (1948): O Primeiro Filme de Kirk com Burt. |
1948 –
ESTRANHA FASCINAÇÃO (I Walk Alone).
1948- AS MURALHAS DE JERICÓ (The Walls of Jericho).
1948 –
MINHA SECRETÁRIA FAVORITA (My Dear Secretary).
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Com Marilyn Maxwell: O INVENCÍVEL (1949) |
1949-
QUEM É O INFIEL? (A Letter to Three Wives).
Direção:
Joseph L. Mankiewicz
1949- O
INVENCÍVEL (Champion).
1950- ÊXITO FUGAZ (Young Man with a Horn)
1950-
ALGEMAS DE CRISTAL (The Glass Menagerie)
1951 –
EMBRUTECIDOS PELA VIOLÊNCIA (Along the Great Divide).
1951 –
A MONTANHA DOS SETE ABUTRES (Ace in the Hole).
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CHAGA DE FOGO (1951), de William Wyler |
1951-
CHAGA DE FOGO (Detective Story)
1951- FLORESTA MALDITA (The Big Trees).
1952- O
RIO DA AVENTURA (The Big Sky).
1952 – ASSIM ESTAVA ESCRITO (The Bad and the Beautiful)
Direção:
Vincente Minnelli
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Como palhaço em O MALABARISTA (1953) |
1953- A HISTÓRIA DE TRÊS AMORES (The Story of Three
Loves)
Direção: Vincente Minnelli, Gottfried Reinhardt
1953- O
MALABARISTA (The Juggler)
1953-
MAIS FORTE QUE A MORTE (Un acte d'amour)
 |
Com Rossana Podesta: ULYSSES (1954) |
1954- 20.000 LÉGUAS SUBMARINAS (20,000 Leagues Under
the Sea)
Direção:
Richard Fleischer
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Com Bella Darvi: CAMINHO SEM VOLTA (1955) |
1955 –
CAMINHO SEM VOLTA (The Racers)
1955- HOMEM SEM RUMO (Man Without a Star)
1955- A
UM PASSO DA MORTE (The Indian Fighter)
 |
SEDE DE VIVER (1957): Anthony Quinn e Kirk Douglas. |
1956 –
SEDE DE VIVER (Lust for Life)
Direção:
Vincente Minnelli
1957- LÁBIOS SELADOS (Top Secret Affair)
1957-
SEM LEI E SEM ALMA (Gunfight OK Corral)
1957-
GLÓRIA FEITA DE SANGUE (Paths of Glory)
 |
Com Janet Leigh: VIKINGS, OS CONQUISTADORES (1958) |
1958- VIKINGS, OS CONQUISTADORES (The Vikings)
Direção: Richard Fleischer
1959- DUELO DE TITÃS (Last Train from Gun Hill)
1959- O
DISCÍPULO DO DIABO (The Devil's Disciple)
1960- O NONO MANDAMENTO (Strangers When We Meet)
 |
Lançamento de SPARTACUS nas salas cariocas, em 1961. |
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SUA ÚLTIMA FAÇANHA (1962): O Filme predileto de Kirk. |
1960-
SPARTACUS (Spartacus).
1961-
CIDADE SEM COMPAIXÃO (Town Without Pity)
Direção:
Gottfried Reinhardt
1962-
SUA ÚLTIMA FAÇANHA (Lonely Are the Brave)
 |
Com Cyd Charise: CIDADE DOS DESILUDIDOS (1962) |
1962- A CIDADE DOS DESILUDIDOS (Two Weeks in Another
Town)
Direção:
Vincente Minnelli.
1963-
SEDE DE VINGANÇA (The Hook)
1963- A LISTA DE ADRIAN MESSENGER (The List of Adrian
Messenger)
1963-
POR AMOR OU POR DINHEIRO (For Love or Money)
 |
SETE DIAS DE MAIO (1964) - Lancaster e Douglas |
1964-
SETE DIAS DE MAIO (Seven Days in May)
Direção:
John Frankenheimer
1965- A
PRIMEIRA VITÓRIA (n Harm's Way)
1966- OS HERÓIS DE TELEMARK (The Heroes of Telemark)
1966- A SOMBRA DE UM GIGANTE (Cast a Giant Shadow)
Direção:
Melville Shavelson
 |
A SOMBRA DE UM GIGANTE (1966): Com John Wayne |
1966-
PARIS ESTA EM CHAMAS? (Paris brûle-t-il?)
1967- DESBRAVANDO O OESTE (The Way West)
Direção: Andrew V. Mclaglen
1967-
GIGANTES EM LUTA (The War Wagon)
1968-
ENTRE O DESEJO E A MORTE (A Lovely Way to Die)
Direção:
David Lowell Rich
1968-
SANGUE DE IRMÃOS (The Brotherhood)
1969-
MOVIDOS PELO ÓDIO (The Arrangement)
1970-NINHO DE COBRAS (There Was a Crooked Man...)
Direção: Joseph L. Mankiewicz
 |
Capa de DVD em edição americana do filme |
1971- O FAROL DO FIM DO MUNDO (The Light at the Edge
of the World)
Direção: Kevin Billington
1971-O DUELO (A Gunfight)
1971-
COMO AGARRAR UM ESPIÃO (Catch Me a Spy)
1972 –
UM TOQUE DE MESTRE (Un uomo da rispettare)
1973-
AS AVENTURAS DE UM VELHACO (Scalawag)
 |
NINHO DE COBRAS (1970) |
1975-
AMBIÇÃO ACIMA DA LEI (Posse)
1975-
UMA VEZ SÓ NÃO BASTA (Once Is Not Enough)
1977-
HOLOCAUSTO 2000 (Holocaust 2000)
Direção:
Alberto De Martino
1979- CACTUS JACK, O VILÃO (The Villain)
1979-
TERAPIA DE DOIDOS (Home Movies)
 |
Com Farrah Fawcett: SATURNO 3 (1980) |
1980- SATURNO 3 (Saturn 3)
1980-
NIMITZ, DE VOLTA AO INFERNO (The Final Countdown)
1982-
HERANÇA DE UM VALENTE (The Man from Snowy River)
1983-
CAÇADA IMPIEDOSA (Eddie Macon's Run)
1986-
OS ÚLTIMOS DURÕES (Tough Guys)
1991-
OSCAR, MINHA FILHA QUER CASAR (Oscar)
 |
VERAZ (1991) -Não exibido no Brasil e inédito aqui. |
1994-
OS PUXA SACOS (Greedy)
1999-
EM BUSCA DOS DIAMANTES (Diamonds)
2003-
ACONTECE NAS MELHORES FAMÍLIAS (It Runs in the Family)
1954- THE
JACK BENNY SHOW – Levado ao ar em 17 de outubro de 1954. Direção: Ralph Levy
1973- O
MÉDICO E O MONSTRO (Dr. Jekyll and Mr. Hyde)
1973-
UM ASSASSINO NA CIDADE (Mousey)
1976-
VITÓRIA EM ETEBBE (Victory at Entebbe)
Direção:
Marvin J. Chomsky
1982-
LEMBRANÇAS DE UM AMOR (Remembrance of Love)
1984-
DUELO DE AMIGOS (Draw!)
Direção:
Steven Hilliard Stern
 |
Com Jason Robards, na adaptação televisiva de |
 |
O VENTO SERÁ TUA HERANÇA (1988-TV). Kirk no personagem que foi de Fredric March no cinema. |
1988- O
VENTO SERÁ TUA HERANÇA (Inherit the Wind)
1991-
CONTOS DA CRIPTA – Episódio: Yellow – Levado ao ar em 28 de agosto de 1991.
Direção: Robert Zemeckis
1992- O
SEGREDO (The Secret)
1996- OS SIMPSONS –Episódio: The Day the Violence Died.
Levado
ao ar em 17 de março de 1996. Apenas dublagem.
2000- O
TOQUE DE UM ANJO: Episódio: Bar Mitzvah. Levado ao ar em 12 de março de 2000.
2008- Meurtres à l'Empire State Building. Direção:
William Karel.
 |
Um verdadeiro Mestre. |
1975- Ambição Acima da Lei
1971- O Farol do Fim do Mundo
1957- Glória Feita de Sangue
1973-
As Aventuras de Um Velhaco
1975-
Ambição Acima da Lei
Matéria escrita
originalmente em 16 de dezembro de 2016
Atualizada em 5
de fevereiro de 2020
Por
Paulo Telles
5
de fevereiro de 2020
As Maiores Trilhas Sonoras da Sétima Arte, e em todos os tempos!
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