Indelevelmente,
que Elvis Aaron Presley (1935-1977) é reconhecido como um dos principais
símbolos da cultura internacional do século passado. Na metade dos anos de 1950
até o início da década de 1970, o eterno Rei
do Rock protagonizou 33 filmes, em sua grande maioria musicais água com açúcar, sempre cercado de belas
mulheres e tocando com seu violão ao redor delas - mas que ficou desgastante
para o cantor. Contudo, a chegada de Elvis a meca do cinema é cercada de fatos e mitos. Quando atingiu seu estrelato para o Rock,
Elvis teria manifestado em desejar ser astro de Hollywood. Seus primeiros
filmes revelaram, de fato, que ele tinha potencial para se tornar um astro de
primeira grandeza.
Ama-me com Ternura, A Mulher que eu
Amo, Balada Sangrenta, e O Prisioneiro do Rock, foram estrelados por Elvis antes de
ser convocado para o Exército e servir na Alemanha. É bom frisar que existe
muita diferença nas qualidades de interpretação entre o Elvis antes de servir
ao Tio Sam, e depois, e não somente
na atuação do ator e cantor, como também na qualidade das produções, que ao
longo de sua filmografia de 33 fitas, ora ou outra decaía.
Todavia,
isso não se deve ao desempenho de Elvis, que em realidade, era bom ator e tinha
tudo para desenvolver ainda mais seu potencial. Ele tinha pretensão em se
tornar um astro de verdade e contracenar com celebridades de sua época, bem
como em atuar em superproduções e trabalhar para os mais notórios cineastas de
seu tempo. Queria ser dirigido por Nicholas Ray, sonho que nunca se
concretizou. Mas parecia que Elvis estava, de um modo ou de outro, fadado
principalmente para os musicais, fossem estes dramáticos ou cômicos, onde como
ícone deste estilo figuraria ao lado de outros astros cantores, como Frank
Sinatra, Dean Martin, Shirley MacLaine, Doris Day, e Carmen Miranda.
Mas aí
perguntamos: o que deu errado na carreira cinematográfica de Elvis?
Elvis nunca
deixou de ser um Pop-Star mesmo
quando ao fim da década de 1960 sua carreira em Hollywood não ia bem (enquanto faço estes filmes, os Beatles estão
tomando o meu lugar lá fora – dizia). O problema que o Rei se queixava de duas coisas: de não receber um bom script e também de não receber bons
papéis. O que ocorre, em verdade, é que Elvis nunca aprendeu uma lição importantíssima
em Hollywood, e bem básica por sinal para todos os artistas que por lá querem
seu lugar ao sol: que atores e atrizes simplesmente não “ganham bons papéis”:
eles EXIGEM bons papéis. O que faltou também a Presley foram os
conselhos e a orientação de um bom e experiente menager.
Com o tempo,
Elvis poderia pegar todos os traquejos e experiências do ramo, mas isso não foi
possível, já que não teve um bom empresário que pudesse orientar e o aconselhar,
pois a ganância falava mais alto para aquele que deveria cuidar honestamente
dos investimentos e interesses do cantor.
ESTE É O
“CORONEL” TOM PARKER (1909-1997), o empresário de Elvis. Talvez o empresário
musical mais controverso e conhecido nos últimos tempos.
Durante os
anos de 1930, o coronel trabalhava
com o Royal American Shows, um circo
que viajava pelos Estados Unidos e até mesmo o Canadá em um trem particular que
continha aproximadamente 70 vagões. Existem algumas divergências do que
realmente ele fazia: alguns afirmam que o coronel vendia algodão doce e maçãs
carameladas, no entanto, outros afirmam que ele era como um administrador da
companhia, um trabalho de muita responsabilidade para alguém que na época tinha
vinte e poucos anos. Podemos dizer que a escola de Tom Parker foi o circo, onde
aprendeu, de certa forma, a manipular o público.
Antes de Elvis,
Tom Paker cuidou da carreira do famoso cantor country americano Eddy Arnold,
entre 1944 e 1953. A patente de "Coronel" é um título honorário, que
lhe foi concedido por Jimmie Davis, então governador da Louisiana no ano de
1948. Segundo alguns historiadores e fãs de Elvis, o relacionamento dos dois
era estritamente profissional e nada além disso, nunca foram íntimos,
conversavam na maioria das vezes para falar da carreira artística de Elvis.
Quanto da
ida de Elvis ao exército no ano de 1958, a qual teria sido uma ideia de Tom
Parker, Elvis nunca foi visitado pelo seu empresário, tudo isso devido a sua
controversa identidade. Tom Parker é criticado por alguns fãs por não permitir
que Elvis fizesse shows fora dos Estados Unidos, com exceção de cinco shows em
1957 no vizinho Canadá. No entanto, outros afirmam que Parker foi importante na
divulgação de Elvis para o mundo, para que assim, todos conhecessem o talento
do menino do sul dos EUA que viraria um mito.
Tudo bem:
Mas como o “coronel” empresaria seu Menino
de Ouro no que tange ao seu trabalho no cinema? Como pegar bons papéis?
Haveria bons papéis para Elvis? E se não como conseguir uma colocação para um
papel digno de um astro de primeira? Ora, Tom Parker muitas vezes vinha com
lances absurdos como contrapropostas, e Elvis deixou em atuar em alguns filmes
sensacionais, como ocorreu com o que poderia ser o último filme de Elvis, a
terceira versão de Nasce uma Estrela,
onde o Rei do Rock atuaria com Barbra Streisand, mas o papel acabou sendo de
Kris Kristoferson. O “Fabuloso Coronel” não queria que seu empresariado e
protegido ganhasse um faturamento inferior a da verdadeira estrela do filme,
Barbra Streisand.
Hal B.
Wallis (1899-1986) , produtor de oito de seus filmes na Paramount, queria fazer
um western com Elvis e John Wayne (1907-1979) , e pensou em pô-lo como segundo
personagem principal em Bravura Indômita,
em 1969, o clássico que deu a Wayne seu único Oscar. Advinhem? Novamente o
“Coronel” não aceitou, porque o Rei do Rock ganharia menos que o Duke. O papel
foi para Glenn Campbell.
O cineasta Robert
Wise (1914-2005) pensou em Elvis para protagonizar junto com Natalie Wood no
musical Amor Sublíme Amor, em 1961.
Com certeza, Parker não aceitou por achar o filme bastante infantil e que além,
não ganharia o suficiente.
Indicado
para o papel que foi de Ricky Nelson (1940-1985) em Onde Começa o Inferno, clássico do Cineasta
Falcão, Howard Hawks (1899-1977), estrelado pelo Duke Wayne e Dean Martin
(1917-1995), mas ao tempo em que as filmagens estavam se iniciando, Elvis foi
convocado para servir o Exército na Alemanha, e por sugestão de quem? Tom
Parker, é claro, que achou que seu protegido tinha que servir para divulgar uma
imagem positiva e conservadora no jovem astro do Rock’n Roll como um modelo de
ideal para os jovens americanos.
No filme Com Caipira não se Brinca (1964), Elvis
interpretou dois papéis, de primos idênticos. Pelo fato de Elvis desempenhar
duas partes, Parker achou que os produtores deveriam pagar o dobro para seu
cliente, mas eles não foram na onda do “coronel”.
A ELVIS foi
oferecido papéis em Lágrimas do Céu
(1956, que acabou sendo de Earl Holliman), Acorrentados
(1958, que acabou sendo de Tony Curtis), Gata em Teto de Zinco Quente (1958, em papel que acabou sendo de
Paul Newman), Doce Pássaro da Juventude
(1962, que foi também para Paul Newman), Perdidos
na Noite (1969, que foi para John Voight), A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971, papel que foi para Gene
Wilder), e uma possível participação Nos
Tempos da Brilhantina, lançado no ano seguinte de sua morte.
Certamente,
as recusas de Elvis nos papéis nunca foi dele própria, mas o “engenhoso”
coronel tudo fazia para aconselhar e dizer a seu cliente que papéis ele deveria
pegar ou não. Nos anos de 1970, Elvis já ficava cansado de Parker e chegou a
pensar em demiti-lo inúmeras vezes, contudo sem problemas e confrontos. Elvis
dizia a seus amigos para que dessem o recado ao “coronel”: "Diga a Parker que ele está demitido."
Em seguida, seus amigos voltavam com o recado de Parker para Presley: "Diga para Elvis me dizer pessoalmente isso".
O cantor nunca o fez.
Seus atores
favoritos eram James Dean , John Wayne , Clint Eastwood , Rod Steiger, Steve
McQueen e Marlon Brando, embora este não gostasse pessoalmente do cantor. Seus
quatro filmes prediletos eram: Juventude
Transviada (1955, de Nicholas Ray),
Uma Rua Chamada Pecado (1951, de Elia
Kazan), Perseguidor Implacável (1971,
de Don Siegel) e Bullitt (1968, de
Peter Yates).
O último
filme que Elvis assistiu no cinema foi 007,
o Espião que me amava, estrelado por Roger Moore, em 1977. Na véspera de
sua morte (segunda, 15 de agosto de 1977), ele tentou obter uma cópia de Guerra nas Estrelas (1977), para mostrar
a sua filha, Lisa Marie, contudo, infelizmente, não houve o tempo.
A
INTRODUÇÃO DE ELVIS NO CINEMA
Quando Elvis
Presley estreou no cinema em 1956, os
estúdios de Hollywood enfrentavam uma profunda crise financeira, provocada por
um vasto conjunto de fatores socioculturais, entre os quais se destacam a perda
de espectadores para a televisão e a alienação forçada das suas cadeias de exibição.
A emergência
da televisão como fonte privilegiada de entretenimento dos norte-americanos
teve como consequência imediata uma alteração dos hábitos de lazer, colocando
os estúdios de Hollywood numa maior dependência em relação ao público
adolescente.
Este fator
levou a que os produtores cinematográficos se vissem obrigados a alterar as
suas estratégias de produção e marketing com vista a enfrentarem uma nova
realidade de mercado.
É neste
contexto que surge uma nova geração de atores, liderada por Marlon Brando e
James Dean, mas da qual faziam parte também ídolos de matiné, como Tony Curtis,
Robert Wagner, Jeffrey Hunter, Natalie Wood, Tab Hunter, John Saxon e Sandra
Dee, e aos quais se juntaram cantores pop-rock bastante populares como Pat
Boone, Bobby Darin, Frankie Avalon e Fabian, que protagonizaram dezenas de comédias
musicais dirigidas ao publico juvenil.
No começo de
1956, Wallis capturou por acaso uma atuação de Elvis em um dos episódios do
programa Stage Show. O efeito eletrizante que Elvis provocou nas mulheres da
plateia no estúdio rendeu movimentos mágicos nos olhos aguçados do produtor.
Sem perder tempo, ele chamou Coronel Parker na manhã seguinte a fim de realizar
um teste de câmera para o jovem cantor controverso.
No dia 1° de
abril de 1956, Elvis fez o teste de câmera com o ator especializado Frank
Faylen (1905-1985). Eles fizeram uma cena da peça de N. Richard Nash, The Rainmaker (O Homem Que Fazia Chover), que logo em seguida foi transformado em
um filme de sucesso, estrelado por Burt Lancaster e Katharine Hepburn, Lágrimas
do Céu, onde a parte atuada por Elvis no teste foi desempenhada no filme por
Earl Holliman. Embora tenha sido feito no Primeiro de Abril, o teste de câmera
de Elvis foi levado muito à sério. Sua presença de cena foi poderosa o
suficiente para Wallis propor um contrato para três filmes.
AS
OITO PERFORMANCES INESQUECÍVEIS DE ELVIS NO CINEMA.
Sabemos que
Elvis realizou outros 25 filmes, sendo que dois em estilo semi-documentário sobre seus shows em Las Vegas e Estados Unidos: Elvis é Assim (1970), e Elvis Triunfal (1973), mas são estes oito aqui mencionados na matéria que ele obteve melhor
desempenho e registro de seu verdadeiro talento como ator perante as telas de cinema.
Ama-me com Ternura (Love-me Tender,
1956)
Love Me Tender estreou em Nova Iorque em Novembro
de 1956, no Paramount Theater. Um
cartaz enorme de Elvis estava colocado na parte da frente do cinema. Nessa
altura também foi exibido o filme Montanhas
de Fogo, um western com Tab Hunter e
Natalie Wood nos principais papéis. Trinta e cinco polícias e vinte arrumadores
adicionais tiveram de ser contratados para a estreia. As filas nas bilheteiras
começaram logo às 8 da manhã.
Durante a produção de Love Me
Tender, Elvis manteve uma rápida paixão com a estrela Debra Paget,
iniciando um longo hábito de flertar com suas parceiras de cena. Neste caso,
todavia, seus interesses não foram notados porque Debra não estava interessada.
Dois anos mais velha que o cantor, Paget estava dedicando-se a sua carreira na
ocasião. Sua mãe, que estava frequentemente no estúdio, tinha grandes planos
para Debra, e nenhum deles envolvia Elvis. Mais tarde, em 1963, Debra largou o
cinema para se casar com um multimilionário japonês, de quem se divorciou em
1980, e hoje vive em Houston, Texas, rica e fora da mídia. Debra fora casada
anteriormente com o diretor Budd Boetticher (1916-2001).
O enredo trata do destino de uma família de fazendeiros após a Guerra
Civil. Elvis interpreta o filho mais novo, Clint Reno, que se casa com a garota
(Debra Paget) de seu irmão primogênito, Vance Reno (Richard Egan, 1921-1987).
Todos acham que o irmão mais velho havia sido morto na guerra, mas ele retorna
inesperadamente. A família é separada pelas consequências do matrimônio e no
final, Clint é baleado e morto.
Originalmente a ser exibido com o título de The Brothers’s Reno (Os Irmãos Reno), foi mudado para Love-me Tender para embalar com o
estrondoso sucesso da música que estava entre as primeiras na parada de sucesso.
No elenco, James Drury, o futuro astro da série televisiva O Homem de Virginia, fazendo um dos irmãos de Elvis, William
Campbel, Bruce Bennett (ex Herman Brix, outrora um dos Tarzans do cinema), e
Neville Brand (1920-1992), que entrou para a história da filmografia do Rei do
Rock como o vilão que matou Clint Reno.
Os produtores de Love Me Tender
se preocuparam com a possibilidade dos fãs de Elvis terem uma reação negativa quanto
ao final do filme. Disseram que a mãe de Elvis na vida real, Gladys, ficou
chocada com a morte dele no filme. Ninguém sabia se as pessoas se afastariam
dos cinemas uma vez que vazara o fato de que o personagem de Elvis morreria em
uma das últimas cenas.
Elvis foi chamado de volta no sentido de realizar um outro final para a película.
Nessa versão, seu personagem sobrevive. Contudo, o final utilizado realmente na
versão definitiva da fita representa um compromisso entre os dois. Clint Reno é
morto, mas a face de Elvis é sobreposta em cima da cena final com ele cantando Love Me Tender. Essa versão se
identifica com o roteiro original, mas os fãs são deixados com uma imagem mais
positiva de seu ídolo. A Direção é de Robert D. Webb (1903-1990).
A Mulher que eu Amo (Loving You,
1957)
Elvis Presley está mais confortável no papel de Deke Rivers em A mulher que eu amo do que Clint Reno já
que o papel foi baseado nas experiências da sua própria carreira. O drama
musical começa com Deke - um caminhoneiro com um talento natural para a música
- se unindo a uma agente de imprensa Glenda Markle (Lizabeth Scott),
na esperança de ser a próxima sensação da música.
Deke começa sua nova carreira abrindo as apresentações de uma banda de
country/wester liderada pelo ex-marido de Glenda, Tex Warner (Wendell Corey,
1914-1968) . Logo fica claro que as mulheres da plateia não queriam só ver Deke
no palco ou fora dele. Glenda destacou o apelo sensual de Deke com roupas
personalizadas e muita publicidade.
Deke se divide entre a atração que ele sente por Glenda e o amor
verdadeiro que sente pela cantora da banda, Susan (Dolores Hart, atriz que mais
tarde viraria freira. Hoje ela é Madre Superiora de um convento em Connecutt,
EUA). Quando Deke descobre que Glenda o estava manipulando pessoal e
profissionalmente, ele fica confuso e foge. Um Deke mais esperto e maduro volta
bem em tempo de se apresentar na TV em um grande programa, o que serve como uma
introdução aos bons tempos.
A atuação de Elvis melhorou muito até o final do papel de Deke Rivers. Em
parte porque ele estava mais experiente, mas também porque esse papel foi feito
especialmente para o jovem cantor.
![]() |
OS PAIS DE ELVIS, Gladys e Vernon, durante as filmagens. |
O filme mostrava os melhores talentos musicais de Elvis e a história era
solta e se baseava na sua própria vida - uma prática que o produtor Hal Wallis
continuaria no futuro.
Na época, esta prática era importante para a carreira de Elvis. Como
Elvis era uma figura maligna para a imprensa, cheia de controvérsia e rebeldia,
as pessoas responsáveis pela sua carreira tentaram remodelar a sua imagem.
Ao contar partes da vida de Elvis de uma maneira familiar em Hollywood,
as pessoas mais velhas veriam que o cantor não era tão assustador assim. O
filme também registra a primeira briga do Rei do Rock nas telas, algo que
ficaria muito caracterizado mais tarde nas fitas do cantor. A Direção é de Hal
Kanter (1918–2011).
Balada Sangrenta (King Creole, 1958)
Geralmente considerado o melhor filme de Elvis(e o seu predileto), Balada Sangrenta se aproveita do talento
de vários atores de Hollywood. O produtor Hal Wallis escolheu um dos seus
amigos mais próximos, o lendário Michael Curtiz (1886-1962), para dirigir o
filme.
Mais conhecido como o diretor de Casablanca
e As Aventuras de Robin Hood, Curtiz
era um cineasta que sabia lidar com qualquer estilo de filme devido a sua prolífera
e gloriosa carreira ao longo de 30 anos.Durante as gravações em New Orleans, eram por causa de curiosos e fãs que
Wallis teve que pedir uma segurança mais forte. Toda a cobertura do Hotel
Roosevelt foi reservada para o elenco.O simples fato de voltar ao seu quarto no final do dia era difícil para
Elvis porque sempre havia uma multidão para vê-lo no saguão do hotel. Para
evitar a multidão, Elvis entrava no edifício ao lado, pulava a janela, cruzava
o teto e entrava no seu hotel pela saída de incêndio.
Baseado no romance Uma Prece para
Danny Fischer, de Harold Robbins (1916-1997), Balada Sangrenta é um drama musical que acontece em New Orleans.
Danny (Elvis) não está satisfeito com a situação financeira de pobreza da sua
família e culpa seu pai (Dean Jagger, 1903-1991) pelos problemas.
Ele vai até uma boate para ganhar algum dinheiro - um trabalho que coloca
o jovem em companhia de alguns personagens desonestos. Um encontro com Ronnie
(Carolyn Jones, 1930-1983),
amante de um gangster local, faz Danny ser expulso da escola. Naquela noite, na boate, Danny encontra Ronnie e o gangster Maxie Fields
(Walter Matthau, 1920-2000) que insiste que Danny cante uma música.
O talento natural de Danny chama a atenção do dono da boate, que oferece
a ele um emprego. Danny está em dúvida. Ele está dividido entre o amor da
mocinha Nellie (Dolores Hart) e sua atração pela fatal Ronnie. Danny também está dividido entre o seu desejo de ser cantor e a tentação
de se juntar a uma gangue. Uma discussão violenta com o líder da gangue (Vic
Morrow, 1929-1982) deixa Danny seriamente ferido.
Depois que Ronnie cuida dele, Maxie com ciumes a mata a sangue frio.
Maxie é baleado por um membro da gangue que Danny conhecia e também caba sendo morto. Danny volta a
cantar na King Creole, reconcilia-se
com a sua família e com Nellie. Elvis chegou a mais perto de sua grandeza artística nesta obra valiosa de
Michael Curtiz.
O Prisioneiro do Rock (Jailhouse Rock, 1957)
O filme A Mulher que eu amo tentou apresentar um Elvis sensível e
incompreendido, mas em Prisioneiro do Rock a sua figura é
de rebelde. O personagem de Elvis - Vince Everett - é egoísta, extremamente
agressivo com as mulheres e um pouco ambicioso. Embora Vince mostre uma mudança
durante o filme, é o seu comportamento sem regras e suas atitudes que mais são
lembradas nesta película.
Em nenhuma outra cena, o seu comportamento agressivo é mais evidente do
que quando ele agarra uma garota para beijá-la. "Como você se atreve a pensar que essas táticas baratas funcionam comigo",
ela diz empurrando-o. "Não são
táticas, querida, é apenas a fera que está dentro de mim" diz ele de um
modo provocante que faz qualquer garota suspirar na plateia.
Longe de ser grosso ou egoísta Elvis era conhecido por sua generosidade
com os amigos, e até com estranhos. Depois de finalizada a fotografia de Prisioneiro do Rock, Elvis decidiu dar
a cada membro da equipe um pequeno token
como agradecimento.
Cada um dos 250 membros da equipe recebe um envelope escrito "Obrigado a todo o elenco e toda a equipe",
e dentro de cada envelope havia uma foto autografada de Elvis e mais uma
lembrancinha.
A sensibilidade de Elvis foi exposta a todo o país pouco depois da
produção. Elvis ficou arrasado quando a atriz Judy Tyler, sua co-estrela na
fita, e seu marido Gregory Lafayette
morreram num acidente de carro, perto de Billy the Kid, Wyoming. Quando soube
do acidente, Elvis não se conteve e chorou. Sua reação foi revelada a um
repórter que escreveu sobre isso no
Memphis Commercial Appeal.
Sua coreografia composta por ele mesmo para a cena em que Elvis tem que
dançar e cantar para um show ao vivo pela TV dentro da penitenciária em que ele
esteve preso, se tornou antológico, e sem querer, acabou se tornando o 1º vídeoclip da história, na época que
ainda não existia sequer esta definição.
Depois de matar acidentalmente um homem numa briga de bar, Vince paga
pena na penitenciária do Estado, o que o torna cínico e egoísta, além de ser brutalmente espancado. Quando Vince
está na prisão, o ex-cantor country Hunk Houghton (Mickey Shaughnessy,
1920-1985) ensina o jovem a tocar guitarra. Depois de ser solto, Vince lança um
novo estilo de cantar. Com a ajuda da divulgadora de discos, Peggy Van Alden
(Judy Tyler, 1932-1957), ele estoura na indústria de entretenimento.
Mais tarde, Hunk se junta a Vince e o ambicioso cantor chega ao sucesso.
Infelizmente, Vince deixa Peggy para trás, apesar do amor que ela sente por
ele. Tentando dar uma lição no jovem arrogante, Hunk fere Vince na garganta e
machuca suas cordas vocais. Surge um arrependido Vince, que se dá conta do seu
amor por Peggy, e sua voz é milagrosamente recuperada. Direção do veterano
Richard Thorpe (1896-1991), que dirigiu os primeiros filmes de Tarzan com
Johnny Weissmuller e outros inúmeros clássicos.
Estrela de Fogo (Flaming Star, 1960)
Considerada talvez a melhor interpretação de Elvis Presley segundo alguns
críticos (não podemos esquecer também em Balada
Sangrenta), o papel de Pacer Burton, um jovem mestiço hostilizado pelos
brancos, foi inicialmente planejado para Marlon Brando, e que acabou nas mãos
do Rei do Rock.
Elvis Presley fez um dos seus poucos papéis dramáticos. Um western com
excelente elenco de apoio de alguns dos mais notáveis atores de Hollywood conta
a história da intolerância racial contra os nativos norte-americanos no Velho
Oeste.
Sua interpretação é muito simplista do que realmente aparece em termos de
roteiro para um western. Em 1958, a 20ª Century-Fox comprou os direitos do
último livro de Clair Huffaker (1926-1990) que ainda não estava completo. Com o
título inicial de The Brothers of Broken
Lance, a história enfocaria dois personagens em vez de um.
Os papéis foram oferecidos para Marlon Brando (Pacer) e Frank Sinatra
(como Clint Burton, papel que acabou nas mãos de Steve Forrest, que se tornaria
famoso pela série de TV Swatt como o
destemido Tenente Dan 'Hondo' Harrelson. O
ator morreu em maio deste ano) e eles aceitaram fazer os irmãos Burton. Mais
tarde, as negociações não deram certo e os dois deixaram de lado os papéis.
Pacer, filho de pai branco e mãe Kiowa, vivia em paz com a sua mistura
racial até que os membros da nação de Kiowa
massacram as redondezas de Burtons. A lealdade de Pacer se divide entre o
mundo civilizado dos brancos e a liberdade dos Kiowas.Quando os brancos assassinam sua mãe (Dolores Del Rio, 1904-1983), Pacer
se une aos Kiowas. Mas o jovem confuso não fica em paz na tribo, principalmente
depois que mataram seu pai (John McIntire, 1904-1983) e ferindo gravemente seu
irmão (Steve Forrest, 1925-2013).
Pacer abandona os Kiowas para resgatar o seu irmão e mandá-lo de volta à
cidade, e se prepara para combater os índios. Na manhã seguinte, ferido Pacer
volta para se despedir de seu irmão porque ele viu a estrela flamejante da
morte e sabe que deve ir para as montanhas onde enfrentará seu destino final.
No elenco ainda despontam Barbara Eden (Jeannie é um Gênio), que faz Roslin Pierce, que faz o interesse
amoroso do herói, neste western Classe A escrito por Nunnaly Johnson
(1897-1977). Foi o segundo trabalho de Elvis como ator após seu serviço militar
na Alemanha (o primeiro, Saudades de um
Pracinha, no mesmo ano, fita esta que o cantor não gostou). A Direção é de
Don Siegel (1912-1991).
Coração Rebelde (Wild in the Country,
1961)*
O papel de Glenn Tyler em Coração Rebelde representou o último
papel sério de sua carreira, dirigido por um competente diretor, Philip Dunne (1908-1992) . A história
começa com Glenn, um rapaz pobre do sul que acaba de sair do reformatório. O
centro do personagem de Glenn é que o triste e misterioso rapaz está numa
dúvida em sua vida, e ele deve escolher o caminho mais adequado para ele. As suas escolhas estão representadas em três mulheres. A sensual Noreen
(Tuesday Weld), sua prima, que quer que ele não mude. Ela oferece paixão e bons
momentos, mas a liberalidade da relação não mostra muito futuro.
Irene Sperry (Hope Lange, 1931-2003), a psiquiatra indicada para o caso
de Glenn, que reconhece o seu talento nato de ser um grande escritor. Ela o
encoraja a ir à escola, mas causa escândalo entre seus colegas e amigos quando
se apaixona por ele.
E, por fim, sua namorada de infância Betty Lee (MIllie Perkins), que pensa
mais no futuro de Glenn do que no seu, tenta convencê-lo a deixar a cidade e
estudar. Ela está preparada para perdê-lo para que ele tenha uma educação e um
futuro seguro. Glenn segue o conselho de Betty Lee e pede que ela espere por
ele.
*Nota
do Editor – Lançado nos cinemas brasileiros sob o título de CORAÇÃO REBELDE,
foi exibido nas TVS brasileiras como A HERANÇA DE UM FORÇADO, já que este título nacional, em verdade, é de um outro filme americano lançado nos nossos cinemas, cujo título original é The Way To the Gold, de 1957, dirigido por Robert D. Webb, e estrelado por Jeffrey Hunter e Sheree North.
Talhado para Campeão (Kid Galahad,
1962)
Para o papel do boxeador Walter Gulick, Elvis começou a treinar duro
antes de começar a gravar. Ele se preparou para as cenas de luta como um
profissional. Ele fez exercícios, seguiu uma dieta rígida de proteínas, treinou
socos, passou horas com profissionais e perdeu uns 5 kg nesse período.
![]() |
TALHADO PARA CAMPEÃO, versão de 1937. |
Elvis treinou com Mushy Callahan, campeão de peso médio de 1926 a 1930.
Callahan andou mostrando suas habilidades por Hollywood por algum tempo, treinando
os atores Kirk Douglas e Errol Flynn e outros em filmes de boxe. Callahan sabia como treinar um ator, assim as habilidades do boxe cairiam
bem no personagem. O treinador elogiou as habilidades atléticas naturais de Elvis
- pelo menos, na promoção do filme. "Ele tem um bom físico e a coordenação
é excelente", disse o profissional em uma entrevista. "Ele nunca
tinha lutado boxe, mas pegou rápido por causa das aulas de Karatê". Remake de 1937 com o mesmo título, com
Edward G. Robinson, Bette Davis, e Humphrey Bogart, Talhado para Campeão apresenta Elvis em uma de suas melhores performances
cênicas.
Mesmo não sendo um grande boxeador, Walter tem um gancho de direita
poderoso e pode dar vários golpes. Willy Grogan (Gig Young, 1913-1978) é um
apostador, dono do local de treinamento onde Walter treina com outros
boxeadores, e sob supervisão do ex lutador Lew Niack (Charles Bronson,
1920-2003), que abandonou os ringues após um acidente que lhe deixou coxo.
Willy decide treinar Walter para ser um lutador profissional pensando em ganhar
dinheiro para pagar suas dívidas de apostas ao gangster Otto Danzig (David
Lewis, 1916-2000). A relação de Will com Walter muda quando ele se apaixona pela irmã de
Willy, Rose (Joan Blackman - que já trabalhou com Elvis em Feitiço Havaiano) que
não quer que Rose se envolva com Walter, então ele deixa Walter ser vencido na
sua próxima luta.
Pouco antes da grande luta, Willy descobre que comprometeu sua
integridade moral. Ele e Walter se livram de Danzig e seus negócios e Walter
ganha a luta. Dirigido por outro grande
diretor, Phil Karlson (1908-1985).
Amor a Toda Velocidade (Viva Las
Vegas, 1964)
Considerado um dos verdadeiros clássicos da filmografia do Rei do Rock,
se tornando um dos maiores êxitos comerciais de sua carreira em Hollywood, Elvis
finalmente encontrou uma parceira que cantava e dançava tão bem quanto ele. Afinal,
este musical se torna cult graças a
um mestre dos antigos musicais da Metro, George Sidney (1916-2002), que também
dirigiu filmes de aventuras como Os Três
Mosqueteiros (1948, com Gene Kelly) e Scaramouche
(1952, com Stewart Granger), para o mesmo estúdio.
Como Rusty Martin, a dinâmica Ann-Margret complementou perfeitamente o
personagem de Elvis, Lucky Jackson. Lucky, um corredor cujo carro precisa
desesperadamente de um novo motor, chega a Las Vegas para o Grand Prix. Ele e seu companheiro Conde Elmo Mancini (Cesare Danova, 1926-1992) são
rivais na pista e fora dela, competindo pelo amor de Rusty.
Ela trabalha no mesmo hotel que Lucky, que durante o filme está tentando
conseguir dinheiro para arrumar o seu carro. Rusty reluta em se envolver seriamente
com Lucky por causa dos perigos da sua profissão.
Por fim, ela muda de ideia e ajuda-o nos últimos esforços dele para
terminar os reparos. Lucky faz o melhor, ganha a corrida, e os dois se casam.
Elvis não estava restrito a trabalhar somente para Hal Wallis e a
Paramount, desde que assinaram um contrato sem exclusividade.
O cantor também trabalhou para outros produtores em outros estúdios, como
MGM, United Artists e Allied Artists. Interessante que os produtores desses
outros estúdios costumavam seguir a fórmula de comédia musical desenvolvida por
Wallis para Elvis e às vezes, até as melhorava.
Embora Viva Las Vega. siga a fórmula familiar do Rei, a inclusão da dinâmica Ann-Margret o fez melhor que os
outros. Rodado todo em Las Vegas, o filme usou muito bem as locações dos hotéis
Flamingo e Tropicana e as pistas em Henderson, Nevada.
Viva Las Vegas talvez seja a melhor lembrança do
romance entre Elvis e Ann-Margret. O romance foi estampado na primeira página
dos jornais depois que os dois foram vistos juntos em restaurantes e boates da
região.
A publicidade em volta do romance era tudo o que os produtores do filme
queriam. Até o jornal da cidade de Elvis, o Memphis
Press-Scimitar, contou histórias com manchetes sensacionalistas como
"Parece um romance para Elvis e Ann-Margret" e "Elvis ganha o
amor de Ann-Margret".
Ironicamente, Elvis não tinha gostado, no começo, de fazer par com
Ann-Margret, embora ele soubesse que ela era conhecida como "Elvis Presley
de saias"; supostamente, alguém da equipe de produção a encontrou durante
o início da filmagem e ficou fascinado pelo seu charme e pela sua beleza.
Este membro da equipe ajudou na iluminação de Viva Las Vegas e parecia favorecer Ann-Margaret com os melhores ângulos
de luz e câmera.
Quando Elvis reclamou com o Coronel, os poderosos resolveram o caso e o
funcionário foi muito criticado. Finalmente, Elvis se deu conta de que não era
culpa de Ann-Margret e os dois acabaram se aproximando bastante.
A química óbvia entre eles ajudou muito a atuação dos dois na tela. Eles
geraram uma eletricidade durante os números musicais raramente alcançados nos
últimos filmes de Elvis.
Ann-Margret tinha muitas coisas em comum com Elvis, inclusive as pressões
de uma carreira do show business. Os dois tinham atividades parecidas, como
andar de moto e ela se deu muito bem com os amigos-guarda-costas de Elvis. Eles
a chamavam de Rusty Ammo, ou Ann-Margrock..
O romance entre as duas estrelas não sobreviveu à produção do filme. Dizem
que eles terminaram, quando Elvis declarou à imprensa que estava noivo de
Priscilla Beaulieu . Embora a relação não tenha durado muito, Elvis e
Ann-Margret ficaram amigos até a morte do cantor, em 16 de agosto de 1977, aos
42 anos de idade.
Elvis se casou com Priscilla Beaulieu e Ann-Margret com o ator
Roger Smith. De acordo com Ann-Margret, Elvis enviava flores em forma de
guitarra na noite de abertura de cada um dos seus compromissos em Las Vegas.
Parte textual de Jorge Carrega no
artigo : Elvis Presley e o Cinema Musical de Hollywood: site: http://www.academia.edu/
Produção
e pesquisa de Paulo Telles.
As Maiores Trilhas Sonoras da Sétima Arte, e em todos os tempos! Só no
REPRISES NAS QUINTAS FEIRAS (22 HORAS) E SÁBADO (17 HORAS)