Que tal
iniciarmos o presente tópico com esta marchinha de carnaval?
Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô
ô ô
Atravessamos o deserto
do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara
Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! allah! allah, meu bom allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! meu bom allah
Ao palpitar
esta presente matéria, me lembrei desta marchinha de Haroldo Lobo (1910-1965) e
Antonio Nassará (1910-1996), e fiquei a visualizar na mente os antigos filmes
das mil e uma noites e Ali Babá. Confesso que não sou um perito
neste estilo de fita, mas na infância assisti a muitos destes na TV quando a Sessão da Tarde era de qualidade e bom
gosto (isso há até 20 anos atrás). Mas como recordar é Reviver, vamos revisitar algumas obras do gênero.
ALI BABA E OS 40 LADRÕES (1944)
Quando eram
pequenos, o príncipe Ali, filho do Califa de Bagdad (Moroni Olsen, 1889-1984) e
Amara (Maria Montez, atriz prematuramente falecida em 1951, aos 39 anos,
afogada acidentalmente em uma banheira) fazem juras de amor eterno. O exército
mongol arrasa a cidade com a ajuda do príncipe Cassin (Frank Puglia, 1892-1975),
pai de Amara. O jovem Ali consegue escapar refugiando-se numa gruta mágica onde
uns ladrões guardam as riquezas que vão roubando. Integrado no bando, Ali (Jon
Hall, 1915-1979) cresce e dispõem-se a vingar a morte dos seus, ao mesmo tempo
que procura recuperar a sua amada Amara (Maria Montez) e devolver a liberdade
ao seu povo. Dirigido por Arthur Lubin (1898-1995)
AS MIL E UMA NOITES (1942)
A dançarina
Sherazade (Maria Montez, 1912-1951) sonha em se tornar a esposa do califa Haroun
(Jon Hall, 1915-1979). Ingênua, ela conta seu desejo ao irmão do califa, Kamar
(Leif Erickson, 1911-1986), que logo depois realiza um golpe de estado e assume
o poder. Haroun fica ferido e acaba sendo cuidado por Sherazade. Os dois se
apaixonam. Mas ela é capturada por Kamar e vendida como escrava. Agora o califa
Haroun precisa encontrar Sherazade e criar um plano para recuperar o poder.
Dirigido por John Rawlins (1902-1997).
SIMBAD O MARUJO (1947)
Simbad (Douglas Fairbanks Jr., 1909-2000) é um contador de histórias que
tece grandes aventuras sobre si mesmo. Se elas são verdadeiras ou não, ninguém
sabe. Em sua oitava peripécia, ele conta sobre o que aconteceu num navio,
durante uma viagem diferente e misteriosa. Num dia muito especial, um mapa do
tesouro que mostra o caminho para as riquezas de Alexandre, O Grande,
desaparece sem deixar pistas. Os suspeitos são, a bela Shireen (Maureen O’
Hara, ainda vivíssima, graças à Deus!!!), a mulher que roubou o coração de
Simbad, o diabólico Amir, obcecado pelo valioso artefato, e o mortal Melik, que
fará de tudo para chegar ao tesouro, inclusive dar cabo da vida de quem o
atrapalhar. Uma viagem perigosa para onde acreditam estar escondida uma das
grandes riquezas deixadas pelo maior general da antiguidade. Dirigido por
Richard Wallace (1894-1951).
AS AVENTURAS DE HAJJI BABA (1954)
O galã John
Derek (1926-1998) interpreta um príncipe árabe que lhe é dado a missão de
escoltar a bela princesa Fakzia (Elaine Stewart, 1930-2011) através de um
deserto para seu casamento. Hajji faz aposta com um amigo de que ele terá
sucesso em seduzi-la até o final da viagem, até que é capturado pelos ladrões,
que por sua vez são capturados por um grupo de amazonas renegadas. Dirigido por
Don Weiss (1922-2000)
O FILHO DE ALI BABÁ (1952)
A história
de um príncipe persa, Kashma Baba (Tony Curtis, 1925-2010), filho do famoso Ali
Baba, que desafiou a raiva das hordas do Califa, pelos lábios de uma bela
mulher. Ele nasceu como um príncipe, mas viveu como um vagabundo. Dirigido por Kurt
Neumann (1908–1958).
A PRINCESA DO NILO (1954)
No Egito de 1249, após sair vitorioso de uma guerra, o Principe Hayde
(Jeffrey Hunter, 1926-1969) volta à cidade de Hal-Wan, nas margens do Rio Nilo,
para ajudar uma dançarina, Taura (Debra Paget, vivíssima), que na verdade é a Princesa Shalimar,
a combater o despótico beduíno Rhama Khan (Michael Rennie, 1909-1971). Direção:
Harmon Jones (1911-1972), que mais tarde iria para a TV, onde dirigiu episódios de séries como Tarzan, com Ron Ely, e Terra de Gigantes.
HOMENS DO DESERTO (1951)
O sargento
Mike Kincard (Burt Lancaster, 1913-1994) descobre através de um prisioneiro que
o vilão Hussin (Gerald Mohr, 1914–1968) planeja um ataque ao forte de Tarfa. O
sargento que faz parte da legião Estrangeira resolve se juntar a nove
legendários para impedir o ataque do vilão. Os legionários acabam se envolvendo
com odaliscas dos haréns do Saara. Direção de Willis Goldbeck (1898–1979).
MULHER SATÂNICA (A MULHER COBRA) – (1944)
No dia de
seu casamento, a bela Tollea é raptada e levada para a Ilha da Cobra, a fim de
substituir no poder sua irmã má e sanguinária, Naja. Mas seu noivo e um jovem
amigo vão tentar resgatá-la. Dirigido por Robert Siodmak (1900-1973).
Análise de
Rubens Ewald Filho: Fantasia em
Technicolor da Universal, exibido originalmente no Brasil como "Mulher
Satânica", é hoje um pequeno cult do cinema 'camp', reunindo o casal
romântico dos filmes das Mil e Uma Noites Maria Montez (1912-51) e Jon Hall
(1915-79), mais o indiano Sabu (1924-63). É um delicioso delírio como só se
fazia a sério naquela época, com Montez canastrona como sempre e sua inaptidão
para dançar sensualmente que chega a ser cômica. Na trama, ela faz papel duplo,
a meiga Tollea e sua irmã gêmea Naja, a cruel sacerdotisa da Ilha da Cobra. Lon
Chaney Jr. (1906-73), em um intervalo dos filmes de Drácula, Frankenstein e
Lobisomem, é o mudo que rapta Tollea, a mando da velha rainha (Mary Nash), para
substituir sua pérfida irmã no poder. Há uma cobra sagrada, um chimpanzé
amestrado, sacrifícios humanos e, no clímax, um vulcão em erupção. Ou seja, é
um daqueles filmes divertidos de se ver pela total falta de vergonha de ser
excessivo e kitsch. A cópia excelente ajuda. O diretor Siodmak (1900-73) seria
depois imortalizado como um dos grandes nomes do cinema noir.
A VÊNUS DE BAGDÁ (ou PRÍNCIPE DE
BAGDÁ) – (1953)
Antar
(Victor Mature, 1913-1999) é enviado para Bagdá por Suleiman (Guy Rolfe,
1911-2003), dirigente do Império Otomano, para prevenir Hammam, o paxá de
Bagdá, de adquirir os serviços do líder local Mustapha, que deverá unir as
tribos e derrubar o imperador. Há muitas intrigas e a paixão de Antar pela
dançarina Selima (Mari Blanchard, 1923-1970). Dirigido por George Sherman
(1908-1991).
O FILHO DE SIMBAD (1955)
Simbad (Dale Robertson, ainda vivo) é prisioneiro do Califa, mas pode
ganhar sua liberdade desde que faça um trabalho para ele. Só assim Simbad
poderá salvar Bagdá das forças do terrível Tamarlane. Kim Novak faz uma ponta.
Direção: Ted Tetzlaff (1903–1995).